De Belém para o mundo: arte e sustentabilidade no coração da Amazônia
03/08/2023
No mês de agosto, os olhos do mundo estão voltados para Belém do Pará. O coração da Amazônia reunirá artistas, ativistas, organizações da sociedade civil e chefes de Estado em diversos eventos que vão refletir e discutir o futuro do planeta sob a ótica da sustentabilidade. “É a Amazônia falando por si, para os seus e para o mundo”, convida o manifesto oficial da Bienal das Amazônias, que abre a série de encontros no dia 3 de agosto. A Bienal é criada e desenvolvida por artistas, produtores e criadores que vivem a Amazônia, com o objetivo de provocar o habitante da região a se ver e se mostrar, não apenas através da contemplação, mas da reflexão contextualizada e da sua identidade plural.
A primeira edição da Bienal das Amazônias tem apoio do Oi Futuro e British Council e contará com exposições de 121 artistas de países que têm a Floresta Amazônica em seus territórios. Foi esse o momento escolhido pelo instituto e BC para apresentarem os resultados do primeiro ciclo do programa Cultura Circular. Com objetivo de promover mais sustentabilidade na concepção e gestão de festivais, e ampliar o debate sobre mudanças climáticas por meio de criações artísticas, o Cultura Circular selecionou, em 2022, oito festivais em sete estados do país (Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) para o desenvolvimento de práticas e a criação de soluções sustentáveis em festivais a partir de ciclos de formação e intercâmbio cultural entre artistas do Brasil e Reino Unido. O programa alcançou 150 mil pessoas em oito festivais realizados em diferentes regiões do país.
“No momento em que Belém se prepara para sediar pela primeira vez a COP30, ganha ainda mais força o papel fundamental de artistas e criadores das Amazônias na agenda da sustentabilidade. É também por meio da arte e da cultura que conseguiremos ampliar e acelerar o debate climático, com visões e criações do Brasil para o mundo. Como instituto, temos orgulho de contribuir há duas décadas com projetos inovadores da Região Amazônica”, afirma Carla Uller, gerente executiva de Programas, Projetos e Comunicação do Oi Futuro.
Entre outubro de 2022 e fevereiro deste ano, 66 artistas brasileiros e 9 artistas britânicos participaram do programa, que incluiu atividades de residência artística, oficinas e processos de criação em colaboração. A ação contou com um aporte de R$ 100 mil em cada festival selecionado, um ciclo de capacitação sobre implementação de práticas sustentáveis em festivais facilitado pela organização britânica Julie’s Bicycle, além de oficinas e processos de criação em colaboração.
“O British Council está comprometido em fortalecer a sustentabilidade no setor cultural através dos festivais. Temos convicção do poder da Arte como ferramenta para tratar desafios globais, como a emergência climática. E, neste momento tão importante em que a Amazônia está no centro das discussões relevantes sobre clima, estamos particularmente felizes de estar em Belém apoiando a I Bienal das Amazônias e celebrando a primeira edição do Cultura Circular”, afirma Rafael Ferraz, head de Artes do British Council.
Em paralelo à Bienal, o Festival Amazônia Mapping completa 10 anos com uma super edição comemorativa entre os dias 3 e 6 de agosto na capital paraense. Pelo quarto ano consecutivo, a Oi e o Oi Futuro patrocinam o festival, que receberá macro projeções de diversos artistas, vídeo mapping, shows “música e imagem”, discotecagem, oficinas e feira gastronômica, reunindo nomes como Ailton Krenak, Victor Xamã, Aíla, entre diversos artistas amazônidas.
Em uma clara preparação para a COP30 (30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), que será sediada em Belém em 2025, a capital ainda promoverá na mesma semana “Diálogos da Amazônia”, um conjunto de iniciativas da sociedade civil organizada do Brasil e demais países amazônicos com o objetivo de pautar a formulação de novas estratégias para a região, com foco na justiça climática e promoção do desenvolvimento sustentável e integrado das diversas Amazônias.
“Eventos como esses são um momento importante para conhecer a arte produzida e inspirada da região, que faz um dialogo entre a tradição e a inovação, entre o natural e o urbano. Um movimento complexo, superlativo e exuberante, tanto quanto o seu território, e que precisa reverberar para além das fronteiras regionais, com sua força estética e sua mensagem”, afirma Felipe de Assis, diretor artístico de Futuros – Arte e Tecnologia, onde o Amazônia Mapping participou, em abril, de uma ocupação inaugural do espaço. “Futuração – Festivais Navegando todos os sentidos” reuniu 8 festivais de diversas regiões do Brasil, entre eles Se Rasgum (PA) e LabVerde (AM), também nativos do norte do país.
Para encerrar a série de encontros, o maior evento internacional promovido pelo Brasil este ano: a Cúpula da Amazônia acontece nos dias 8 e 9 de agosto e inaugura uma nova etapa de cooperação entre os países amazônicos, reunindo chefes de Estado de países latino-americanos como Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além do Brasil. A expectativa é que o encontro aponte caminhos para novas oportunidades de desenvolvimento econômico sustentável com foco no bem-estar das populações da região e na proteção do bioma amazônico.