Debate destaca papel das parcerias para ampliar poder transformador da educação
31/10/2024
Educação, tecnologia, cidadania, etarismo e inovação. Estes foram apenas alguns dos tópicos abordados no encontro ‘Educação e inclusão: o papel dos institutos e fundações no impacto socioeconômico’, realizado digitalmente nesta quinta-feira (31). Carla Uller, gerente executiva de programas, projetos e comunicação do Oi Futuro; Alexandre Schneider, secretário estadual de educação e esportes de Pernambuco; e Juliana Araripe, especialista educacional do CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife) debateram em profundidade diversas questões relacionadas aos desafios e oportunidades geradas pelo encontro da tecnologia e da educação nos dias atuais. O encontro teve mediação de André Lopes, analista sênior de soluções educacionais do CESAR.
No encontro, os participantes desenvolveram ideias sobre a interseção entre educação e tecnologia, que está transformando a forma como os jovens aprendem e se desenvolvem. Inovações tecnológicas, como plataformas digitais e ferramentas interativas, oferecem novas possibilidades de aprendizado aos estudantes. Ao mesmo tempo, acende-se o alerta sobre a necessidade de letramento digital e midiático e de democratização no acesso à qualidade de ensino. Este desenvolvimento tecnológico, como pontuado pelos debatedores, precisa vir acompanhado de pensamento crítico e criatividade. É dessa forma que a educação pode se tornar um motor de transformação social, unindo tecnologia e inclusão para criar um mundo menos desigual e mais inclusivo.
Assista na íntegra:
Parcerias pela Educação
A associação entre entidades privadas e públicas para a educação brasileira foi um dos pontos mais debatidos no encontro. Os participantes exaltaram as possibilidades trazidas por estas parcerias, que trazem mais recursos para a educação, ajudam a democratizar o acesso ao ensino de qualidade e promovem a integração social. Carla lembra que, atualmente, são mais de 47 milhões de estudantes brasileiros matriculados em alguma instituição de ensino, em qualquer etapa educacional – um número que ultrapassa a população de muitos países do mundo.
“Ninguém consegue resolver sozinho um desafio deste tamanho. As parcerias entre rede privada e pública permitem ampliar o acesso à educação de qualidade. A gente não quer criar ilhas de excelência. Queremos ampliar o acesso. No Oi Futuro, temos um braço de formação de educadores, que é a Órbita, e disponibilizamos metodologias criadas pelo NAVE para multiplicar o conhecimento por todo o país”, afirma Carla Uller.
Alexandre Schneider pontuou de que maneira estas parcerias podem favorecer a educação, fornecendo desenvolvimento de habilidades em inovação e tecnologia para estudantes e educadores, apostando em formação continuada.
“Muitas vezes, a infraestrutura é um ponto de atenção. As escolas muitas vezes são muito antigas, não há espaço físico ou materiais para todos os alunos. E, claro, a capacitação de todos os educadores. Quem faz a educação são as pessoas, e elas precisam estar em condições ideais e ter o preparo ideal para formar novos cidadãos”, frisou Schneider.
Tendências na educação e no mercado de trabalho
Em 2023, a pesquisa Future of Jobs, publicada pelo Fórum Econômico Mundial, analisou algumas das possíveis mudanças e tendências para o mercado de trabalho nos próximos anos. O relatório aponta que 44% das habilidades profissionais devem mudar. As habilidades mais “braçais”, que envolvem grande volume de trabalho, como as de profissões como caixas, secretários e escriturários, passam a entrar em declínio. Já habilidades como pensamento crítico, criativo, curiosidade e liderança são cada vez mais valorizadas, e as salas de aula devem se preparar para destacar qualidades como estas nos alunos.
“A gente precisa lembrar que informação não se converte sempre em conhecimento. Saber aprender é saber fazer essa conversão”, destaca Carla.
Em uma de suas falas, Juliana Araripe ressaltou que o olhar para a maneira como enxergamos as habilidades e o conhecimento vem mudando no país.
“Temos uma cultura certificadora. É muito importante ter um diploma, uma certificação, uma graduação, algo que comprova que você aprendeu. No entanto, esses certificados podem acabar obsoletos com o tempo. Aquele conhecimento vai ficando mais morno, vai esfriando… Uma reflexão interessante é prestar mais atenção no conhecimento em si que nas certificações”, ressaltou Araripe.
“Há alguns anos, você conquistava um diploma em uma determinada área e trabalha, 20, 30 anos numa mesma empresa. Isso mudou muito. Atualmente, há muito mais flexibilidade em relação à vida e ao mundo no trabalho. As possibilidades de trabalho estão menos presos a áreas, funções e postos de trabalho”, avalia Schneider.
A Inteligência Artificial na educação e no dia a dia
Um dos assuntos mais debatidos atualmente, por quase todas as áreas de atuação, a Inteligência Artificial também foi tema deste encontro. Os participantes ressaltaram que é fundamental educar os alunos para que eles saibam usar, com ética e responsabilidade, as ferramentas digitais que têm a seu dispor. Por isso, habilidades como letramento digital e midiático, para que os estudantes tenham uma visão crítica sobre essas ferramentas, têm sido cada vez mais valorizadas. Da mesma forma, ofertas formativas complementares sobre o uso dessas ferramentas, muitas vezes não oficialmente certificadas, passam a ter maior valor.
“A gente precisa cada vez mais olhar para a pedagogia e pensar que tipo de estudante e profissional a gente quer formar, em vez pensar o que a gente quer que ele saiba. Porque isso, muitas vezes, as máquinas poderão fazer pra gente”, analisa Schneider.
Conforme pontuado pelos debatedores, as ferramentas digitais, quando bem utilizadas, têm o poder de agilizar e transformar vidas. Araripe lembra, inclusive, que isso se aplica a qualquer vida, em qualquer idade. As ferramentas digitais são, muitas vezes, associadas somente às gerações mais novas, e acabam distanciadas das mais idosas – que são justamente as que mais precisam ser incluídas nesta transformação.
“A integração das pessoas idosas às ferramentas de tecnologia deve ser explorada. É uma certeza. É, inclusive, um direito da pessoa idosa. Existe uma visão limitada de que este público tem difícil acesso a ferramentas digitais. E, quando esse acesso acontece, é muito gratificante ver como essas pessoas se empoderam e se libertam quando aprendem essas habilidades digitais. Desde atividades do dia a dia, como chamada de vídeo, seja como a possibilidade de empreender, por exemplo, por plataforma de e-commerce ou de substituir tarefas presenciais, como pagar contas”, destaca Araripe.
As ferramentais digitais no NAVE
Educação digital e parcerias estratégicas são fundamentais parar gerar impacto social e inclusão. No e-book ‘Novas Fronteiras da Educação Digital’, o CESAR detalha o papel de instituições e fundações na promoção de inclusão sociodigital e impacto positivo por meio da educação.
O NAVE é um exemplo concreto deste cenário. Juntos, Oi Futuro e Secretaria de Educação de Pernambuco, com apoio estratégico do CESAR, criaram há 18 anos o NAVE – Núcleo Avançado em Educação, programa inovador de educação aplicado na ETE Cícero Dias, em Recife, e posteriormente replicado no CE José Leite Lopes, no Rio. Desde então, o NAVE já formou cerca de 4 mil jovens nas áreas de multimídia e programação.
“Os jovens formados no NAVE rapidamente ingressam no mercado de tecnologia e inovação. Eles também serão responsáveis pela elaboração dessas novas tecnologias. Então os pilares críticos, éticos, conscientes são muito fortes e necessários para a formação deles. A dimensão humana na formação do NAVE, junto com as tecnologias, é o que torna esse programa de educação tão inovador”, diz Carla Uller.