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Papo de Futuro: a arte é forte aliada para a construção do sucesso escolar

18/10/2021

Papo de Futuro: a arte é forte aliada para a construção do sucesso escolar

“Arte e cultura promovendo estratégias de sucesso escolar” é o tema desta edição especial do Papo de Futuro, que conta com as participações da diretora do Porvir e mediadora Tatiana Klix, do arte-educador André Gravatá, da professora de Língua Portuguesa do NAVE Recife – Escola Técnica Cícero Dias – Patrícia Oliveira e da professora de Arte do NAVE Rio – Colégio Estadual José Leite Lopes – Maiara Zacarone. O foco é o lançamento do “Experiências Didáticas”, projeto do Oi Futuro com o UNICEF Brasil, iniciativa para inspirar professores de todo o país e contribuir para a construção de trajetórias de sucesso escolar.

Durante a abertura do encontro, o chefe de Educação e Parcerias do UNICEF Brasil, Ítalo Dutra, ressaltou: “Sem arte e sem cultura, perdemos a nossa humanidade”. A presidente do Oi Futuro, Suzana Santos, acentuou: “Acreditamos que as redes, a união de várias instituições, têm uma potência muito maior para impactar a sociedade”.

A série Papo de Futuro, organizada pelo Oi Futuro, é transmitida pelo canal do Instituto no Youtube, com acessibilidade em Libras.

“A arte amplia a nossa capacidade de ler o mundo, ela alarga a percepção”, observa André Gravatá. “Nosso objetivo é que o estudante também seja protagonista”, comenta Patrícia Oliveira. “Em todas as minhas aulas de arte, acredito que os alunos aprendem fazendo”, destaca Maiara Zacarone.

Confira abaixo dez reflexões de Tatiana Klix, André Gravatá, Patrícia Oliveira e Maiara Zacarone sobre o tema “Arte e cultura promovendo estratégias de sucesso escolar”.

1) Parceria inédita

Tatiana Klix falou sobre o Porvir, a principal plataforma de conteúdos e mobilização sobre inovações educacionais do Brasil. A ideia do encontro é refletir como esses componentes podem ressignificar o processo de ensino e aprendizagem, dentro de um contexto difícil, agravado pela pandemia, em que muitos alunos estão desistindo da escola. Dados do Unicef apontam que 5,1 milhão de crianças e adolescentes em idade escolar não tiveram acesso às aulas, sejam presenciais ou remotas, até novembro do ano passado. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas, de outubro de 2020, mostra que o tempo médio dedicado à escola, no grupo de seis a 15 anos, foi de 2,37 horas diárias por dia útil, o que é inferior ao mínimo desejado e exigido pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases), que é de quatro horas. “Diante desse enorme desafio, a reflexão que a gente se propôs a fazer é como repensar a Educação para virar esse jogo e promover estratégias de sucesso escolar”. Assim, o Unicef e o Oi Futuro realizaram uma parceria inédita para desenvolver o projeto “Experiências Didáticas: arte e cultura construindo caminhos para o sucesso escolar”. O caderno contém seis experiências, desenvolvidas pelos educadores do Programa NAVE. E o trabalho de sistematização dessas experiências coube ao Porvir.

2) O olhar para dentro, o olhar para fora

Além de arte-educador, André Gravatá é, também, um excelente poeta. Ele comenta sobre a importância da arte e da cultura para a formação integral dos indivíduos, e traz algumas reflexões. Cita o poeta e ensaísta sírio Adonis: “Só pode abrir caminho quem se misturou com o horizonte”. E a arte, acrescenta: “é esse convite para a gente se misturar com aquilo que não conhecemos, com nós mesmos”. Refere-se a Paulo Freire, “que merece ser celebrado sempre, e esse ano ainda mais, no seu centenário”, lembrando que quando ele voltou para o nosso país, após vários anos no exílio, durante a ditadura, lhe perguntaram o que iria fazer, e o educador respondia: “Eu preciso de novo me intimizar com o Brasil”. E isso é exatamente o que a arte faz, criar intimidade com o nosso território, com linguagens que a gente não conhece, acrescenta André. E para enfatizar a força da arte na Educação, ele contou uma história do escritor Graciliano Ramos, no livro “Alexandre e Outros Heróis”. Um garoto do Interior ouve um barulho estranho. Era uma onça. Ele saiu correndo e, ao chegar em casa, sem fôlego, a mãe pede que ele se olhe no espelho, e o menino, percebendo que tinha perdido um olho no caminho, volta e consegue achar. Ao recolocá-lo, encaixou o olho ao contrário e começou a olhar para dentro e para fora, ao mesmo tempo. E achou que era muito mais interessante olhar para dentro e para fora ao mesmo tempo do que olhar para uma só direção. “O que a arte faz é lembrar que a vida não é uma experiência para ser olhada a partir de uma só direção. A arte expande, estica”, acrescenta André.

3) A criação das paródias

Patrícia Oliveira diz que a arte está presente em tudo. Ela fala sobre as Paródias Artísticas, uma das práticas pedagógicas que compõem o e-book “Experiências Didáticas”. “Temos que nos aproximar da arte e fazer com que essa arte seja viva, que os estudantes gostem dela. Quando eu e o professor de Artes, Wilson Menezes, junto com o Mídia Lab, idealizamos essa prática, pensamos na situação que vivemos hoje. Essa questão da pandemia, do isolamento social. Sabemos que nem todos os estudantes tinham acesso à internet, e precisávamos chegar até eles. A princípio, pensamos na sistematização pelos museus. Como fazer para que os alunos conhecessem o Barroco, o Modernismo? Utilizamos uma ferramenta da internet gratuita, que é o Google Arts. Selecionamos alguns museus, como se fossem guias turísticos, para que os estudantes fizessem esse passeio, e entendessem que o museu não é só um lugar para guardar obra de arte. Eles precisavam estar inseridos nesse contexto, vivenciar esse cenário. Saber que a arte faz parte de um período histórico. Utilizamos as ferramentas tecnológicas, os aplicativos de edição, murais. Pensamos de forma analógica. Como trabalhar essa releitura das obras de arte para que o estudante contextualize e faça uma analogia do que vive hoje na sociedade? É saber qual a história da Monalisa e fazer uma releitura”.

4) Duas experiências didáticas

Maiara Zacarone atua na Educação estadual há 13 anos. Fez licenciatura em Dança, com pós em Psicomotricidade, e entrou para o universo da Arte que, no Rio de Janeiro, representa quatro linguagens: Música, Teatro, Dança e Artes Cênicas. Ela explica como funcionam as duas práticas, das quais participa: a PigmentArte, que envolve Artes,

Biologia e Quimica, e o Pontilhismo e a Pixel Art. A PigmentArte, feita em conjunto com Andrea Piratininga, professora de Biologia, e com Nilma Medeiros, professora de Química, já foi aplicada no NAVE Rio. “Foi muito interessante ver Arte, Biologia e Química trabalhando junto com Botânica e todas as misturas dos materiais para criar as tintas naturais. A Química ajudando com a questão dos solventes e, depois, transformando isso em arte. A proposta era apresentar uma livre criação, inspirada nas obras da Margareth Mee (artista botânica inglesa que se especializou em plantas da Amazônia brasileira). Quanto ao Pontilhismo e a Pixel Art, veio uma proposta com arte e multimídia, acrescentando a questão da imagem 3D. Foi realizada em parceria com a Michele Antonio, professora de Multimídia do NAVE Rio, e o Carlos Burgo, professor de Multimídia do NAVE Recife. Primeiro teve uma apresentação para os alunos da arte impressionista, desse movimento do pontilhismo. Em um segundo momento, eles vão para a Pixel Art, trabalhando no contexto tecnológico, utilizando também o papel quadriculado. A ideia é que o projeto ganhe vida, através de um aplicativo, não só para os personagens, como também, para os cenários”.

5) Mais sobre o e-book

Tatiana divulgou mais informações sobre o “Experiências Didáticas”. Produzida para inspirar professores, a publicação pode ser baixada gratuitamente no site do Oi Futuro e, futuramente, no site do Unicef. “Tivemos a preocupação de criar experiências que possam ser acessadas por todos e todas”, ressaltou, mostrando, na tela, as seis práticas apresentadas: Paródias Artísticas, Retextualização de poemas visuais, PigmentArt, Storyverso: Histórias para mudar o mundo!, O Pontilhismo e a Pixel Art e Minha identidade visual.

6) Inspirando outros educadores

Para André, é fundamental que os jovens vivam a experiência de criar para entender, em primeira pessoa, qual a força deste gesto chamado arte. Quando começou a arte? O que é isso que, de alguma maneira, conecta a gente que está vivo agora, com o passado mais antigo, e com alguém que está vindo lá no futuro? “Sou filho de Seu José e Dona Josefa, grandes baianos, que moram em São Paulo, e que aos sessenta e tantos anos se descobriram artistas. Meu pai, que era pedreiro, minha mãe, costureira, começaram a fazer brinquedos de madeira. Vejo no olho deles que é pura vida, uma transformação no nível da raiz. E isso também está acontecendo com esse jovem, que vai viver essas experiências que vocês estão propondo”. E mais: “Temos que ver a arte como próxima, como íntima, e não como algo afastado de nós”.

7) A veia artística

Para responder sobre os principais impactos na arte e na educação, causados, especialmente, pela pandemia, Patrícia sintetiza: “Muitas pessoas buscaram colocar sua veia artística para fora. Eu tenho que mostrar para o mundo quem eu sou. Então, vou fazer, de alguma forma, arte, seja pintando numa tela, escrevendo um livro, fazendo uma poesia”.

8) Trabalho com integração

Maiara agradeceu aos colegas que com ela construíram as duas práticas, e deixou uma mensagem para os professores e professoras de todo o Brasil: “Cada vez mais trabalhem com a integração, para que a escola seja sempre um espaço de criação e interessante para os jovens, especialmente”.

9) Compromisso ético

André diz que a arte é essencial, e lembra que existe um compromisso ético, nesse momento do Brasil, de criar experiências que sejam mais diversas, que tenham um significado coletivo. E a arte abre espaços para isso, para a gente viver outras possibilidades e desacostumar os nossos sentidos.

10) Versos do poeta

“Não nos acostumemos / Não nos acostumemos com palavras escassas de medula / Ocas por dentro e por fora / Não nos acostumemos com palavras, com corpos de lâminas / Embrutecimento / A vida normal é inaceitável, meu amor” ….

André Gravatá

Você pode conferir a íntegra do encontro online sobre o tema “Arte e cultura promovendo estratégias de sucesso escolar” aqui.

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