Remixar e inovar por novas trilhas empreendedoras da cena musical
01/08/2018
Descobrir e construir novos itinerários e trilhas no campo empreendedor da música. Esse é um dos potenciais do curso Música & Negócios: Empreendedorismo & Inovação, que está sendo oferecido pela primeira vez pelo Oi Futuro em parceria com o Instituto Gênesis da PUC-Rio. Esse mergulho na descoberta de caminhos pelos alunos acontece em especial nas aulas da professora Sandra Korman, em um dos módulos que mais fizeram sucesso nas dez edições já realizadas na universidade. Além de educadora, Sandra é comunicadora e psicóloga e trabalha com a “metodologia de projeto de vida”, que ela mesma criou, e que alinhava as experiências profissionais de cada aluno com demandas de mercado, em especial, as trazidas pelas novas tecnologias digitais.
Nesta entrevista ela conta um pouco do que os selecionados desta edição vão encontrar a partir de agosto, quando terão início as aulas. Para participar do processo de seleção, os interessados devem se inscrever no site do Oi Futuro.
OF – Sandra, as suas aulas estão entre as mais populares do curso. O que você considera que é o fator de encantamento dos alunos?
SK – Eu sou formada em três áreas: Educação, Comunicação e Psicologia. Eu dou aula há 30 anos e desde 94 trabalho com a questão do empreender e inovar, diferente do processo massificado, mas empreender como projeto de vida, como uma questão transversal na vida da gente. Penso que é um despertar para uma visão na vida diagnóstica onde eu vou perceber qual é o meu lugar, o que tem pra ser feito, o que eu posso mudar. O trabalho não é uma contingência, algo que a pessoa vá improvisar, é uma escolha, o lugar do sujeito no mundo. Então isso sempre foi a ênfase do meu trabalho, há muitos anos que leciono com essa preocupação da gente construir itinerários. Estamos vivendo um momento muito difícil em que as pessoas pensam o futuro e têm medo, e isso é muito ruim quando uma geração nova não têm direito a desejar um futuro. Então com base nisso eu desenhei uma metodologia de projeto de vida que eu acabei validando numa tese de Doutorado, na Psicologia Social, na UFRJ e na PUC com a ênfase muito menos naquela coisa do “o que eu gosto” ou “no que eu sou bom” e muito mais no diagnóstico em demandas reais, o que o mundo está demandando.
OF – Qual o principal diferencial do curso para quem quer entender este mercado?
SK – Eu vou revisitar a máxima do empreendedorismo de que pra empreender você têm que amar o que faz. Olha essa loucura! Quando eu vou para o grupo do “Música & Negócios” em que eu vou dar aula para 40 músicos ou profissionais que trabalham na cadeia produtiva da música, imagine se eu fosse fazer o papelão de falar que se você quer empreender você tem que amar o que faz? As pessoas já amam o que elas fazem, só que amar é importante, mas não é suficiente. Também não têm que acreditar só que você deve ser bom no que faz. Ser bom no que faz é importante, claro que sim, só não é suficiente. E esses assuntos às vezes eles não vêm muito à tona e a gente acaba fazendo o que gosta, se aperfeiçoando, só que a gente não decola e aí parece que algo deu errado no seu plano. Então esse é o nosso diferencial, quando a gente vai trabalhar com a temática música para profissionais que desejam empreender, mas às vezes não têm estratégia.
OF – O curso está indo para a 11ª edição e combina aulas teóricas e práticas com temas como história da música, marketing e distribuição digital, economia da música brasileira, gestão de direito autoral, processos criativos em música, além de workshops. Ao longo de todas essas edições que tipos de pessoas já passaram pelo curso? É um curso interessante a todos?
SK – Tem cantores buscando o seu lugar, fazer sucesso ou reavaliar o que é sucesso. O músico, o compositor, o agente, o designer especialista em fazer toda a construção da imagem e tem gente que está lá e se redescobre na sua função. Aconteceu com uma cantora, perguntei a ela o que ela havia experimentado de novidade nos últimos dez anos. Ela não sabia responder. Aí dei o exemplo para ela de um projeto que poderia existir de uma grife que só trabalhasse a moda palco. Ela se redescobriu ali. Então um vai dando ideia para o outro, as ideias surgem. A gente pode permitir mudar itinerários. A faixa etária é variada, já tivemos até mães de músicos, alunos cegos, entre outros!
OF – O curso trabalha de maneira particular as questões de cada aluno?
SK – Eu criei um coisa no curso chamada “Interlocução”. É um espaço individual em que você vai discutir o seu projeto de vida. Então são dois encontros, ou quando é muita gente é um encontro só, mas é uma agenda permanente que você pode ter dúvidas e questões que você gostaria de um tempo só para discutir com o professor ou um monitor. São ex-alunos ou pessoas que trabalham comigo que eu levo e eles têm esse tempo de conversa individual. Tem gente que acha que é terapia, mas não é. É a figura da pessoa que vai fazer perguntas interessantes para os alunos. Durante uma das primeiras dinâmicas faço um encontro no aeroporto e o ano é 2028, por exemplo, e um conta para o outro o que aconteceu. Então tem uma conversa de duas pessoas em que tem dez anos que elas não se encontram. E uma não sabe da outra. A conversa começa com “O que você está fazendo agora?”. Eu uso a técnica do psicodrama de dramatização. Depois eles vão pra casa, escrevem um e-mail detalhado e o projeto começa das lacunas no teu discurso onde a gente vai caçar o que são os “pensamentos mágicos” e o “otimismo ingênuo”. A partir daí eles começam a fazer uma pesquisa sobre o setor.
OF – Quais são as inovações do meio musical que de fato têm chamado a sua atenção, principalmente neste cenário atual em que o mundo digital permite tanta interação e divulgação de trabalhos?
SK – Acho que a forma de comunicar se transformou de tal maneira que você precisa seguir um percurso a partir do que a tecnologia disponibilizou de, pelo menos, cinco anos para cá. Abriu-se um outro cenário em que é preciso aprender a decifrar ou você morrerá na praia. O que eu acredito que seja irreversivelmente inovador é a forma de se fazer conhecer. E torna técnico-fóbico um número bem significativo de pessoas que não aprenderam sobre isso. Às vezes são pessoas talentosas que dão bola na trave porque ainda não acordaram para isso. Então esse processo digital acho fundamental nos dias de hoje.
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