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Rio2C: Inovação e criatividade potencializam impacto social

24/04/2019

Rio2C: Inovação e criatividade potencializam impacto social

O empreendedorismo de impacto social está repleto de iniciativas que já nascem inovadoras.  No entanto, as organizações que atuam nesse setor muitas vezes precisam se reformular e buscar caminhos ainda mais criativos para atingir seus objetivos ou para simplesmente conseguirem se viabilizar. Para isso, até contam com metodologias de mercado usadas por empresas e startups, como o Business Model Plan e o Design Thinking, mas sempre encontram formas de aplicá-las levando em conta suas realidades para encontrar novas possibilidades de crescimento.

Foi assim com a “Era Uma Vez o Mundo”, negócio social que produz e vende bonecas de pano negras para crianças. A iniciativa, que será um dos temas do painel “Empreendedorismo Feminino de Impacto Social” da Rio2C, enfrentava problemas com sua estratégia voltada para o comércio eletrônico. A partir de uma avaliação usando uma dessas metodologias durante o processo de aceleração e mentorias realizados pelo Instituto Ekloos e o Labora Oi Futuro, foi constatada a necessidade de mudar o planejamento.

A reformulação passou pela inauguração de uma loja física e a exploração da experiência do consumidor no local, o que trouxe um grande aumento nas vendas e ampliação da marca. “Apostamos numa experiência de compra inovadora, em que as pessoas podem vestir na hora a boneca e até levar para a criança uma certidão de nascimento. Com isso, só no lançamento, eles venderam a mesma quantidade que demorava meses para sair pelo site”, conta Andrea Gomides, fundadora do Instituto Ekloos.

O Instituto também atua nessa busca por inovação para ampliar o impacto social em organizações sociais e sem fins lucrativos. É o caso da Aszi, que atua na Cidade de Deus, na zona Oeste do Rio de Janeiro. A organização procura ensinar as habilidades emocionais do currículo base do Ensino Fundamental, que nem sempre são bem trabalhadas nas escolas públicas. Para potencializar os resultados, o Ekloos propôs a criação de um podcast, que difunde conteúdo digital de áudio, o que facilita o compartilhamento e a audição em diferentes lugares.

“O projeto fazia a transmissão por radioweb, mas nosso diagnóstico avaliou que era uma solução inadequada e fora de uso. Recomendamos aulas através do podcast, o que foi bem recebido pelos ouvintes e moradores do local, gerando uma inovação para o modelo inicial”, conta Andrea.

Obstáculos tecnológicos e até técnicos também impedem a evolução de iniciativas de impacto que partem de ideias criativas e com potencial, observa a fundadora da Pipe Social, Mariana Fonseca. A Pipe também oferece mentoria para os negócios que estão afastados dos grandes centros e precisam de remodelagem. Mariana cita o exemplo do SmartSíndico, um aplicativo desenvolvido pela HIS que auxilia na administração de conjuntos habitacionais. Através dele ficou muito mais fácil para os síndicos de empreendimentos do Minha Casa Minha Vida, por exemplo, reduzirem despesas.

“Percebemos que há uma deficiência tecnológica muito grande nesses negócios. E é com ferramentas de tecnologia que eles podem reduzir custos de gestão e garantir inovações constantes para resolver os problemas enfrentados”, afirma Mariana.

Para a diretora executiva do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Celia Cruz, um caminho para os negócios de impacto crescerem de forma criativa e inovadora é com o fortalecimento do ecossistema em que as organizações atuam. “Os empreendimentos podem ser potencializados se associarem entre si, reunindo o que cada um faz de melhor. Isso torna as iniciativas mais eficientes e atrativas para os investidores”, explica Célia.

O ICE tem um programa chamado Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto, que se caracteriza como uma força-tarefa que mobiliza líderes desse setor em prol do fomento ao aporte para as iniciativas. Célia também cita a criação das Fundações e Institutos de Impacto (FIIMP) como uma iniciativa inovadora que busca potencializar os resultados dos investimentos no setor. O grupo é formado por 22 fundações e institutos que passaram a compartilhar experiências como forma de aprendizado.

“A busca pela inovação parte de um processo inicial em que temos que ouvir as pessoas. Utilizar técnicas de design thinking para encontrar soluções e processos renovadores. Para enfrentar os problemas sociais graves e antigos do país, precisamos de modelos muitas vezes disruptivos e que deem escala para os projetos”, afirma Célia.

Haroldo Torres, cofundador da consultoria paulista Din4mo, ressalta que grande parte dos negócios de impacto social lidam com clientes que também estão nas camadas mais pobres e por isso precisam partir de uma inovação para ofertar produtos e serviços adequados ao bolso dessas classes. A empresa conta com dez empreendimentos no seu portfólio de apoio à gestão e seis negócios no eixo de investimento. No primeiro grupo, a atuação consiste em dar apoio nos aspectos ligados ao desenvolvimento do negócio, como refinanciamento do modelo, consultoria em finanças, marketing e governança. Para os demais, o auxílio é na busca por fontes de recursos ou na melhoria da estratégia de captação.

“Empreender é, por definição uma atividade criativa, entendida como parte de um processo permanente de aprendizado sobre o negócio. A Din4mo instrumentaliza o empreendedor a sistematizar e potencializar o seu processo de aprendizado, de modo a que ele reduza o seu tempo de desenvolvimento e de ida ao mercado”, ressalta Torres.

Segundo ele, um exemplo de vanguarda é o do Programa Vivenda, que financia reformas para imóveis de famílias de baixa renda. Através do apoio da Din4mo, a iniciativa encontrou uma solução inovadora para captar recursos através de debêntures de impacto (títulos emitidos para investidores), o que ampliou e potencializou sua atuação, através de obtenção de capital de giro.

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