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VICTOR ARRUDA – ARTISTA INCOMPARÁVEL, E MAIS DE 400 OBRAS, ENTRE PINTURAS E DESENHOS

30/01/2015

VICTOR ARRUDA – ARTISTA INCOMPARÁVEL, E MAIS DE 400 OBRAS, ENTRE PINTURAS E DESENHOS

Um dos mais destacados nomes do cenário da arte contemporânea brasileira, com uma  trajetória que ultrapassa quatro décadas retratada em livro organizado por grandes curadores e críticos, inaugura exposição no Oi Futuro Ipanema.

OF. O que representa para você uma obra de arte?

VA. Sim, vamos começar com essa importante palavra: sim. Mas agora, para minha resposta ter sentido, eu preciso esclarecer que não, não acredito que as pessoas tenham alma, pelo menos não como querem os religiosos. Me parece aceitável como sinônimo de personalidade, singularidade. Os conhecedores de bebidas alcoólicas dizem que algumas determinadas bebidas tem alma. É por aí.  Cada pessoa vai construindo sua alma, conforme vai aprendendo sobre o mundo, sobre os outros, sobre si própria. Com suas escolhas e decisões baseadas nos conhecimentos que absorve de sua sociedade, somados aos que, de maneira consciente resolve não absorver, contra os quais se revolta. Estou convencido que a arte pode influir muito nisso, nessa alma.

Já os objetos são coisas e como coisas não tem alma, de nenhum tipo. Podem ter função, aparência, etc. Ou, muito raramente, nem isso.

Uma obra de arte, no entanto, é uma coisa  que, paradoxalmente, sempre tem 2 almas: a do artista e a do observador. E, cada vez que é olhada tem outras duas almas, mesmo que seja olhada pelo próprio artista, depois de te-la considerado pronta. A alma de antes e a alma do novo momento, evidente.

Mas, lembremo-nos de que uma obra de arte não precisa ser um objeto. Pode ser uma música, por exemplo. Ou um silêncio  ( como os 4 minutos e trinta e três segundos de John Cage).

OF. No seu trabalho, especialmente, na década de 70, houve influência de grafismos e quadrinhos. Como isso aconteceu?

VA. No começo dos anos 70  minha pintura estava muito ligada aos movimentos modernos que eu admirava, especialmente àqueles dos quais me sentia mais próximo: o expressionismo e o surrealismo. Por sorte me dei conta de que estava demasiadamente preso a eles. Procurei maior liberdade, abordando questões mais pessoais e menos “artísticas”. Estava começando a ser analisado (continuo até hoje!) e passei a fazer uma espécie de diário psicoanalítico,  pintando sem qualquer preocupação estética, quase automaticamente. Fui o primeiro artista a citar Carlos Zéfiro como referência e base para diversas obras, mudando o conteúdo de seus quadrinhos pornográficos para expor as relações entre sexo e abuso do poder econômico. Tentava , pintando com rapidez, de forma bruta e agressiva, trazer o inconsciente à tona, ao mesmo tempo que, conscientemente, falava do que mais me angustiava: a afirmação de minha condição homossexual numa sociedade repressora, hipócrita e  violenta. Esse posicionamento crítico foi se tornando mais e mais importante com o passar do tempo.

Hoje acredito que a violência, em suas mais variadas formas, é o principal assunto de meus trabalhos.

OF. O que o público poderá esperar desta sua nova exposição no Oi Futuro em Ipanema?

VA. Gostaria de responder pelo avesso: o que eu espero do PÚBLICO nesta minha exposição no OI FUTURO IPANEMA.

1)      que haja um público, isto é, pessoas interessadas, que confrontem as obras e que pensem sobre seus significado possíveis.

2)      que esse público, ativo, sinta algum estranhamento.

3)      que perceba os diversos aspectos intencionais: a crítica social e política, a ironia, a poesia, e até um certo (e divertido, espero) romantismo.

 

 

 

 

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