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Existência Numérica: mostra de arte com Big Data

17/09/2018

Existência Numérica: mostra de arte com Big Data

A arte de tornar visível em segundos uma gigantesca quantidade de dados, buscando dar ao público maior transparência e compreensão do complexo mundo a nossa volta, será mostrada de maneira inédita em várias obras, muitas interativas, dinâmicas ou em tempo real.  O Oi Futuro apresenta a exposição inédita “Existência Numérica”, a partir de 18 de setembro, com obras de sete artistas brasileiros e estrangeiros que têm em comum o número como matéria-prima. Idealizada por Barbara Castro e Luiz Ludwig, com curadoria de Doris Kosminsky, a mostra traz obras interativas, dinâmicas e em tempo real, voltadas para a visualização de dados, área emergente da ciência da computação.

Fluxo migratório – nos EUA e no Estado do Rio de Janeiro –; mobilidade urbana nos sistemas de bicicletas de aluguel em Nova York, Londres e Rio –; investimentos em ciência e tecnologia feitos no Brasil nos últimos anos; a experiência estética como função vital; o que o circuito da arte fala na internet sobre obras de artistas visuais; e o universo dos nomes brasileiros, são alguns temas abordados em projeções, que ocupam até uma parede inteira, videoinstalações, escultura de luz, entre outras.

Os trabalhos de Pedro Miguel Cruz (Portugal), Till Nagel & Christopher Pietsch (Alemanha), Alice Bodanzky, Barbara Castro, Doris Kosminsky & Claudio Esperança e Luiz Ludwig (Brasil).

CONFIRA DETALHES DAS OBRAS NA EXPOSIÇÃO

Pedro Miguel Cruz (1985, Viseu, Portugal) terá quatro trabalhos em “Existência Numérica”:

  • “O declínio dos impérios” (2010, 3’41), vídeo

Simulação computacional que retrata a expansão e o declínio dos quatro maiores impérios marítimos durante os séculos XIX e XX: Inglaterra, França, Espanha e Portugal. Os impérios são retratados como bolhas que colidem, sugerindo competição, e se desintegram, sugerindo dissolução. O tamanho de cada bolha corresponde à área territorial de cada império ou país. A simulação resulta numa animação que dramatiza de forma lúdica o declínio desses impérios num curto espaço de tempo. https://vimeo.com/11506746

  • “Vasos sanguíneos de Lisboa” (2013, 2’20), vídeo

Lisboa é representada como um conjunto de vasos sanguíneos interligados com problemas de circulação. Cada estrada é um vaso que engrossa de acordo com o volume de circulação na respectiva estrada. O sistema comporta-se como um cartograma dinâmico, em que as distâncias encurtam quando as velocidades são mais altas, e se alongam quando as velocidades são mais lentas. Desta forma a cidade comprime-se de madrugada e distende-se durante as horas de trânsito mais intenso. A cidade aparece pulsando como um coração. http://pmcruz.com/information-visualization/lisbons-blood-vessels

  • “O declínio dos impérios” (2010, 3’41), vídeo

Simulação computacional que retrata a expansão e o declínio dos quatro maiores impérios marítimos durante os séculos XIX e XX: Inglaterra, França, Espanha e Portugal. Os impérios são retratados como bolhas que colidem, sugerindo competição, e se desintegram, sugerindo dissolução. O tamanho de cada bolha corresponde à área territorial de cada império ou país. A simulação resulta numa animação que dramatiza de forma lúdica o declínio desses impérios num curto espaço de tempo. https://vimeo.com/11506746

  • “Uma sociedade ego-altruísta” (2018), vídeo

Simulação de vida artificial criada como reflexão sobre a dualidade das nossas personalidades. Existem dois tipos de agentes na simulação: egoístas e altruístas. Eles absorvem energia e agrupam-se em organismos complexos que evoluem para se adaptarem ao ambiente, mostrando como uma sociedade pode prosperar através de interação simbiótica entre os extremos egoísta e altruísta. Esta obra é um contraponto ao individualismo utópico apresentado no “A Nascente”, de Ayn Rand (1905–1982).

https://vimeo.com/285760963

Urban Complexity Lab – Till Nagel (1975, Alemanha) e Christopher Pietsch (1986, Alemanha):

  • “City Flows” (2015-2018, aproximadamente 5’, em três telas), vídeo

Três telas mostram o fluxo do sistema de compartilhamento de bicicletas em Nova York, Londres e Rio de Janeiro (com dados cedidos pelo sistema Tembici), possibilitando a comparação de sua extensão e dinâmica, como também as similaridades e diferenças nesses sistemas. Com essas visualizações, se pretende compreender o pulso da mobilidade urbana, e criar retratos da cidade definidos por suas dinâmicas momentâneas. A obra busca ainda investigar novas maneiras de ajudar os cidadãos a terem consciência de um complexo fenômeno urbano, que é relevante para a sua experiência diária da cidade. Seguindo a ideia central de guiar os visitantes desde o interesse à percepção, os autores planejaram uma visualização da cidade que gradualmente se aprofunda e se detalha. O espectador verá três modos de tela, todos eles com a visualização de bicicletas alugadas, mas enfocando diferentes níveis de espacialidade e temporalidade desta mobilidade. A vista panorâmica da cidade agrega todas as trajetórias de compartilhamento de viagens de bicicletas em um determinado dia na cidade respectiva, e anima os percursos das ciclovias em um determinado tempo. Em outra visualização, são mostradas apenas as viagens “de” e “para” de uma determinada estação, permitindo a distinção entre as partidas e as chegadas. Uma múltipla e menor visualização mostra padrões espaço/tempo de três estações, cada uma com uma vista expandida separando chegadas e partidas, em viagens vespertinas/noturnas.

 Alice Bodanzky (1982, Rio de Janeiro)

  • “O Apagar das Luzes” (2018, criada especialmente para a exposição), escultura de luz

Os investimentos feitos pelo governo em Ciência e Tecnologia (C&T) nos últimos 18 anos, a partir dos dados disponíveis no site oficial do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, são materializados em uma escultura luminosa. Para se projetar a forma física da instalação a artista usou algumas referências: pilhas de moeda, imagem comumente associada a investimento e valores; luz/luminária, como símbolo de novas ideias e conhecimento, inovação; e reflexos e sombras, como expressão do alcance e a propagação desses conceitos. O objetivo é provocar uma experiência estético-sensorial, que seja não apenas informativa, mas que permita ao visitante refletir sobre as implicações desses dados para as gerações atuais e futuras. A base de dados é a tabela que resume o dispêndio nacional em C&T, em valores correntes por atividade, de 2000 a 2015. Os valores relativos aos três últimos anos ainda não foram publicados e estão sendo coletados em outras fontes. Através do design computacional e da fabricação digital foi gerado um sistema-material performativo capaz de “traduzir” os dados coletados em aspectos formais definidores do design da instalação. Os dados determinam a área de cada camada / ano. Quanto maior o investimento maior será a área. A forma da área remete ao formato das moedas. E a sequência dos anos dispostos verticalmente em camadas faz referência quase literal ao empilhamento de moedas. Os dados definem também as aberturas em cada camada da luminária, determinando assim a quantidade de luz que passa. Quanto mais luz, maior foi o investimento naquela área, naquele ano. E, portanto, há maior reflexão da luz pelo espaço simbolizando o alcance do investimento no ano presente e seu impacto futuro.

 

Barbara Castro (1988, Rio de Janeiro)

  • “Disritmia” (2018, criada especialmente para a exposição), instalação interativa, com visualização dinâmica de dados

A instalação interativa cria uma visualização abstrata e dinâmica alimentada por dados de impulsos vitais da artista; de fenômenos naturais do planeta coletados a partir de estações científicas; e pela interação do visitante. Durante todo o período da exposição, a artista usará um relógio digital que captará os dados de seu pulso, enviados constantemente para a sua obra: uma grande projeção com um sistema de partículas em movimento, de acordo com os dados recebidos. O trabalho dá continuidade a sua pesquisa, tema de seu doutorado, sobre a experiência estética ser uma função vital, necessária, que abrange a conectividade, para além de seu viés tecnológico. Para ela, a vida se estabelece em uma diversidade de relações, que podem se retroalimentar, e a noção de instinto de sobrevivência humano não pode ser vista somente pelo aspecto competitivo da seleção natural. “Saciar as necessidades vitais não é suficiente para a sensação de se estar vivo. Precisamos de vitalidade, que é alimentada nessas conexões estabelecidas pela experiência estética”, afirma. Outra reflexão contida no trabalho é o questionamento do termo “antropoceno”: “estamos preocupados com o planeta ou apenas reafirmando nossa individualidade, nosso domínio?”, indaga.

 

Luiz Ludwig (1988, Rio de Janeiro)

  • “Discurso do Artista” (2018, criada especialmente para a exposição), computador e impressora

A obra, desdobramento da pesquisa do artista focada em scraping, raspagem de dados, investiga o que o circuito da arte fala na internet sobre obras de artistas visuais. O trabalho será on time, ou seja, o público verá o computador coletando os dados na hora. Uma impressora vai imprimir os dados a cada vez que o robô – a ferramenta de busca e coleta de dados – trouxer uma informação nova. Inicialmente a busca vai seguir alguns artistas, galerias de arte, curadores e críticos para dar o input necessário, mas o programa vai se desdobrando por si, buscando outras pessoas, e ampliando a pesquisa. A obra não emitirá juízo de valor, apenas mostrará os dados. Tanto o computador como o espectador poderão encontrar padrões nesta pesquisa. “É uma obra em aberto”, destaca o artista.

 

Doris Kosminsky (1960, Salvador)  e Claudio Esperança (1958, Rio de Janeiro,  Brasil)

  • Redes de Nós (2018, criada especialmente para a exposição), vídeo dinâmico

A obra discute o lugar do indivíduo na internet, a falta de controle em relação à privacidade, o que nos diferencia e o que nos iguala, o que é verdade sobre nós, e o que não é. Pensamos ser únicos, mas quantos serão como nós? O que nos liga uns aos outros? A obra parte da visualização dos prenomes dos brasileiros nascidos a partir de 1930, obtidos de uma base de dados do IBGE.  Quanto maior a frequência de um determinado nome, maior será o seu tamanho. Esses nomes estarão em movimento, formando um “rio de nomes” que “escorre” pela parede. O visitante poderá buscar seu próprio nome na obra, e incluir uma foto sua, captada na hora por uma câmera. Eventualmente, uma busca na internet trará uma associação inesperada. “A arte eletrônica tem este aspecto um pouco lúdico”, assinala Doris.

 

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