Inspirado no livro homônimo do escritor, cartunista, poeta e dramaturgo Ziraldo, o espetáculo musical infantil O Planeta Lilás está em cartaz no Futuros – Arte e Tecnologia, com classificação livre, entre 22 de julho e 27 de agosto. O Planeta Lilás acompanha a aventura do Bichinho que, bem pequeninho, entra em uma nave espacial e sai de seu Planeta Lilás para conhecer e descobrir o universo. A peça tem patrocínio da Oi e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e apoio cultural do Oi Futuro.
A obra, dedicada ao poeta Carlos Drummond de Andrade, é o primeiro espetáculo de uma trilogia em homenagem a Ziraldo, que fez 90 anos em outubro de 2022. O livro completa 45 anos em breve e terá uma edição comemorativa, lançada pela Editora Melhoramentos, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em setembro.
O Planeta Lilás é uma grande homenagem à literatura nacional, tão censurada durante os “anos de chumbo” no Brasil. O musical pretende transpor os elementos da linguagem da literatura (letras, pontuações e palavras) para os elementos que compõem o teatro: a luz, o som, a pausa, o ritmo, a atriz.
“Do mesmo jeito que a história contada por Ziraldo no livro era metalinguística e falava (e exaltava) o próprio livro, aqui no espetáculo essa história vai percorrer e exaltar os elementos que surgem na transposição e adaptação da linguagem literária para a linguagem teatro-musical”, explica Mariana Kaufman, dramaturga e diretora do espetáculo.
“Eu acredito que, para além de fazer uma homenagem à literatura, Ziraldo, no livro, faz uma ode à própria poesia, à fantasia e à arte em geral. A ideia é que o Bichinho percorra a clássica ‘jornada do herói’ para se entender e se libertar, podendo ser quem quiser, buscando um mundo plural e diverso. No fim das contas, o livro é também uma ode à imaginação como potência”, acrescenta a diretora e idealizadora do espetáculo infantil.
O livro foi escrito em um cenário de ditadura militar, no ano de 1979, quando a literatura foi duramente afetada pelos Atos Institucionais, que censuraram direitos individuais e coletivos. O personagem, preso em um mundo de cerceamento de liberdades, busca se libertar e romper com as amarras de seu tempo e sua sociedade. “Para nosso espetáculo, adaptar essa história para o contexto contemporâneo nos parece mais pertinente do que nunca. Em um cenário de guinadas autoritárias no poder e constantes ataques à cultura e à arte, e ainda somado a isso, o contexto pandêmico de reclusão e isolamento, nosso personagem vem mostrar que ele não se conforma e que pode suscitar aos pequenos cidadãos que é possível transformar uma realidade opressora”, pontua Mariana.
Além disso, tanto o livro quanto a peça enfatizam o problema de uma sociedade homogeneizada, com ainda tão pouca diversidade e pluralidade. O Planeta Lilás, “que tinha apenas uma mesma cor”, se transforma ao longo da jornada para que finalmente o Bichinho possa percebê-lo de uma outra forma, como uma flor viva que contém em si toda a fantasia do mundo. “Eu entendo que, ao olhar novamente, agora de fora, o seu Planeta Lilás, é como se Bichinho percebesse que pode reinventá-lo. A partir disso, o planeta pode ser tudo o que ele quiser”, afirma a diretora.
Com estética minimalista adotada por Ziraldo em seu livro, a peça traz referências que se relacionam com o universo concreto e neoconcreto do Ballet Triádico da Bauhaus e o Ballet Neoconcreto de Lygia Pape. A referência de um ballet conceitual também é parte da construção de movimento da peça, em que o concreto vai pautar a movimentação dos corpos dos atores em cena.
Mariana revela ainda que pensou em trazer um carnavalesco para assinar figurino e cenário para que se pudesse construir uma estética em que os corpos dos atores não fossem apenas uma superfície. Para que pudessem se ajustar e servissem também de cenário, como acontece nos desfiles carnavalescos. “Como a peça é metalinguística, o cenário e figurino também se tornam personagens. Desde o início, me interessava que os corpos dos atores pudessem se tornar cenários, ou seja: figurino pode ser volume e cenário e os cenários são os próprios atores. O corpo não é só um corpo, pode ser uma forma”, explica.
Ela acrescenta ainda que o espetáculo termina com um bloco de carnaval. “Da mesma forma que pensei que o carnaval poderia ser o cume desse espetáculo, da ode à fantasia, do espetáculo da libertação, terminar no carnaval é quase como se o teatro saísse do seu espaço e fosse para a rua”, conclui Mariana.
A direção musical é assinada pela dupla de compositores Domenico Lancellotti e Bruno di Lullo, nomes reconhecidos e importantes da Música Popular Brasileira. Ao todo, serão oito músicas compostas por eles em parceria com a diretora especialmente para a peça. Todas estarão disponíveis no Spotify.
“Aqui no Futuros – Arte e Tecnologia, vemos o teatro infantil como uma importante ferramenta de aprendizados, descobertas e experimentação, e a cativante aventura de O Planeta Lilás se encaixa perfeitamente nessa proposta. Estamos muito felizes em receber esta adaptação da obra de um autor tão importante para a história da literatura nacional”, diz Felipe Assis, diretor artístico do Futuros – Arte e Tecnologia.
Musical infantil O Planeta Lilás
Futuros – Arte e Tecnologia
Endereço: R. Dois de Dezembro, 63 – Flamengo, Rio de Janeiro
Estreia: 22 de julho, às 16h
Ingressos: R$40 | R$20 – compre aqui