Muito além da empatia: os desafios da inclusão
21/09/2018
Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro para tentar entender seus sentimentos e limitações. Apesar de ser um bom começo quando se fala de inclusão, entretanto, praticar a empatia não é o suficiente, afinal não se trata de ver o outro como um igual, mas de respeitar sua diversidade sem prejudicar o sentimento de pertencer a uma comunidade. Para isso é preciso ir além da tentativa de entendimento de suas vivências e colocar em prática ações que democratizem o acesso à cultura, à educação, à informação, ao transporte público e tudo mais que estiver disponível para a população como um todo. No dia 21 de setembro é comemorado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência e, apesar do Brasil ainda ter um longo caminho a percorrer quando o assunto é acessibilidade, temos algumas iniciativas que evoluíram nesse sentido.
Quando se fala em educação inclusiva, por exemplo, podemos nos orgulhar: hoje 80% das matrículas de pessoas com deficiência são realizadas em ambientes de inclusão no Brasil. Para Rodrigo Mendes, fundador do Instituto Rodrigo Mendes, que trabalha no desenvolvimento e na disseminação da Educação Inclusiva, o grande desafio é levar quem está de fora para dentro das escolas. E não para por aí: “É preciso criar um projeto político-pedagógico que aborde a questão da igualdade de oportunidade como algo transversal, é preciso formar os professores e investir continuamente no planejamento pedagógico e é preciso promover a acessibilidade não só do espaço físico, mas dos materiais didáticos, da comunicação entre as pessoas e até mesmo do transporte público que os estudantes usam para chegar nas escolas”, avalia Rodrigo.
Em parceria com as Secretarias de Educação Estaduais, o Instituto Rodrigo Mendes promove formações para professores para capacitá-los em educação inclusiva. Além das formações presenciais nas escolas, a partir do dia 21 de setembro o Instituto Rodrigo Mendes lança o “Portas Abertas para Inclusão”, curso gratuito e online sobre educação inclusiva. “As principais dúvidas são sobre como acolher e como transformar o ambiente da sala de aula em algo mais acessível e como planejar materiais didáticos para estudantes tão singulares”, conta Rodrigo. Para ele, é preciso não só fortalecer o atendimento especializado, mas encarar essa agenda como prioridade e como algo que beneficia todos os estudantes: “A escola vai aprender coletivamente a se relacionar com as diferenças. É fundamental que a equipe pedagógica promova ações que se desdobrem em espaços de diálogo, para que todos possam se colocar e aprender com a diversidade. E não estou falando só sobre pessoas com deficiência, mas de acessibilidade como um todo”, avalia.
A valorização da diversidade e o compromisso com a inclusão são alguns dos princípios do Oi Futuro desde sua fundação. No final de agosto, os professores do NAVE Rio receberam Rodrigo Mendes e participaram da formação para se capacitarem na criação de planos de aula inclusivos para o próximo ano letivo. No cenário cultural, o Oi Futuro sempre se comprometeu em fazer com que todos, sem exceção, tivessem acesso a sua programação. Há algum tempo o Instituto, inclusive, faz questão de utilizar a palavra acessibilidade no plural, por entender que todos, em suas pluralidades, podem fazer parte do público e aproveitar os espaços culturais.
Em 2015, o Oi Futuro lançou o Caderno de Acessibilidades pelo Programa Educativo do Museu das Telecomunicações, reunindo respostas sobre a acessibilidade em espaços culturais. O caderno está disponível em áudiodescrição, vídeo-libras e impresso e compartilha reflexões sobre o pleno acesso à arte contemporânea e à informação. Outra iniciativa do Programa Educativo do Museu das Telecomunicações do Oi Futuro para potencializar o diálogo com todos os seus visitantes foi a integração, em 2016, de um educador surdo em seu corpo de colaboradores. Além disso, em 2017, o Museu das Telecomunicações lançou um roteiro em vídeo-libras, sinalizando de forma acessível todas as suas atrações, junto com um QR code que pode ser lido com celulares e que direciona para vídeos do YouTube.