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10 razões para você admirar Charlotte Moorman

09/08/2017

10 razões para você admirar Charlotte Moorman

O Centro Cultural do Oi Futuro exibe pela primeira vez no Rio as instalações de um pioneiro mundial da videoarte, o sul-coreano Nam June Paik. Na exposição, você pode apreciar e se divertir com as criações de Paik, que usava objetos como aparelhos de TV, ferros de passar, rádios e gramofones para expressar suas ideias sobre a arte e a tecnologia. Mas além disso, a mostra exibe vídeos de Paik com uma parceira constante em sua carreira: Charlotte Moorman. Ela ficou conhecida como a “violoncelista de topless” por conta de um episódio em que acabou presa. Mas ela foi mais do que isso. E mais do que uma coadjuvante de Nam June Paik. Abaixo, listamos dez motivos para você valorizar Charlotte Moorman:

1. Ela foi uma das primeiras mulheres a seguir uma carreira solo na música clássica nos Estado Unidos

Hoje em dia temos Martha Argerich, a “nossa” Marin Alsop regendo a Osesp, e várias outras mulheres de destaque na música de concerto. Mas quando Charlotte tocou com a American Simphony Orchestra, no início dos anos 60, esse campo era mais restrito para as mulheres. E Moorman conseguiu chegar lá depois de muito estudo e muito esforço: depois de decidir aprender a tocar violoncelo aos 10 anos, ela ganhou uma bolsa para estudar o instrumento, e dedicou-se ao aprendizado da música na Universidade do Texas e na Juilliard School, em Nova York.

2. Ela fez da sua habilidade musical uma forma de performance antes dos guitarristas de rock.

A partir de Pete Townshend e Jimi Hendrix, ficou fácil de ver guitarristas lambendo, mordendo, quebrando ou alisando seu instrumento, como se eles fossem uma forma de expressão de raiva, sensualidade, ou uma namorada, correto? A mania passou até para outros instrumentistas – Keith Emerson andou destruindo alguns teclados em suas apresentações no trio Emerson Lake & Palmer, por exemplo. Pois Charlotte fez isso antes de todos estes roqueiros, e sem precisar botar fogo nem quebrar nada.

3. Ela reunia a galera. Em 1963, Charlotte criou o New York Avant Garde Festival

O festival rolou até 1980, ocupando lugares públicos como o Central Park e a Grand Central Station. Sem essa iniciativa, uma série de criações da turma que queria virar a arte pelo avesso poderia ter morrido na obscuridade. E Nova York poderia não ter a reputação de que goza hoje de ser um palco para o que há de novo na arte. Charlotte entendeu logo que sem fazer junto, muitas vezes não se é percebido.

New York Avant Garde Festival

4. Ela foi presa em nome da arte

Em 1967, Charlotte foi presa por meia dúzia de policiais disfarçados quando apresentava a performance “Opera Sextronique” com seu parça de toda a vida Nam June Paik. A acusação contra ela: “exposição indecente”, por ter ficado com os seios nus durante a apresentação. Foi um perrengue, mas isso ajudou a tornar famoso o Fluxus, movimento de arte contemporânea de que Charlotte fazia parte.

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5. Ela não se conformou em ser apenas um rostinho bonito

Órfã de pai e com uma mãe alcoólatra, Charlotte não teve uma infância muito fácil. Mas ela foi eleita em 1952 “Miss City Beautiful” na cidade onde nasceu, Little Rock, no Arkansas. Isso poderia ter aberto para Charlotte um casamento certinho, uma carreira de modelo e atriz etc. Mas ela preferiu seguir seu próprio caminho.

 

6. Ela não se conformou em ser apenas um rostinho bonito na música

Pós-graduação completada, apresentação com orquestra garantida… Charlotte poderia ter seguido carreira na música clássica, estava tudo garantido, não é? Mas segurança não era exatamente com ela. A violoncelista se engajou em divulgar as composições de autores contemporâneos que criavam peças difíceis de entender, como John Cage e La Monte Young, interessados em questionar os fundamentos da música. Cage, por exemplo, é conhecido principalmente por 4’33”, uma peça musical de 4’33’’ em que basicamente só se ouve o silêncio. Ninguém toca nada. A partir do contato com esta turma que ela entrou no Fluxus, o movimento artístico que adotou o conceito de que nada é estável, tudo está em transformação. Segurança não era com ela, que foi apelidada pelo compositor Edgar Varése de “A Joana D´arc da Nova Música”

7. Ela foi BFF de Yoko Ono.

Antes de Yoko casar com John Lennon (e, muitos dizem, ajudar a acabar com os Beatles), a compositora e artista japonesa e Charlotte dividiram um apartamento. Mas não ficou só nisso. Em 1963, ajudou Yoko a fazer sua estreia solo em um recital no Carnegie Hall. Depois, as duas se apresentaram juntas em “Cut piece”, uma performance em que o público era convidado a retalhar a tesouradas a roupa de Charlotte, enquanto ela mandava ver no violoncelo.

charlotte moorman-yoko-ono

8. Ela não se deixou abater pelo câncer

Em 1979, Charlotte foi diagnosticada com um câncer no seio. Ela se submeteu a uma mastectomia, mas a doença avançou e acabou sendo responsável pela sua morte, aos 57 anos, em 1991. Durante este tempo, no entanto, Charlotte se recusou a se deixar paralisar pela doença: continuou realizando performances, como uma apresentação de “Cut Piece” numa festa no telhado de um prédio que ela mesma organizou em Nova York.

9. Já está na hora de não falar só de Frida Kahlo, Camille Claudel…

Nada contra a pintora mexicana. Nem contra a escultora francesa. Mas já está na hora de ampliar o conhecimento sobre mulheres que marcaram a arte do século XX, não? Charlotte pode ser a sua nova descoberta.

10. Ela está no Oi Futuro

Vídeos com performances de Charlotte e um pequeno documentário sobre ela estão na exposição Nam June Paik, no centro cultural do Oi Futuro (Rua 2 de dezembro, 63, Flamengo, Rio de Janeiro). A exposição está aberta de terça a domingo, das 11h às 20h, até 27 de agosto. Apareça!

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