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A cena contemporânea de Joël Pommerat

24/05/2016

A cena contemporânea de Joël Pommerat

Dramaturgo e diretor francês, atualmente uma das principais referências do teatro de arte no seu país, propõe temáticas ligadas às relações humanas e sociais em seus múltiplos aspectos e aos novos olhares sobre o mundo contemporâneo e suas transformações. Com peças montadas em vários países e grande sucesso, Pommerat, 53 anos, nasceu em Roanne, dirige a Companhia Louis Brouillard e costuma dizer: “Eu faço o teatro que eu gostaria de ver no mundo onde vivo. Eu tenho vontade de ir ao teatro para ver um instante no qual se pare, enfim, de posar”. O Oi Futuro Flamengo tem a honra de receber, pela primeira vez em nosso país, mais uma de suas criações:  o premiado texto “A Reunificação das duas Coreias”. O espetáculo tem a direção de  João Fonseca.

OF. Como surgiu a sua paixão pelo teatro?

JP. Eu descobri o teatro ainda na adolescência, especialmente, graças a uma  professora do colégio. Após a morte de meu pai, eu decidi interromper meus estudos para ir à Paris e me tornar ator. Eu participei de várias experiências coletivas antes de começar a escrever.

OF. Fale um pouco sobre a pesquisa de linguagem artística e aprofundamento da criação colaborativa, modelo adotado pela senhor e sua companhia francesa.

JP. Costumo dizer que “eu escrevo performances” porque não separo o texto da mise en scène. Isso quer dizer que eu escrevo durante os ensaios, em colaboração com a equipe artística. Eu trabalho sobre  todos os elementos da representação ao mesmo tempo: a palavra, a luz, o som, os corpos… Assim, por exemplo, meus colaboradores artísticos, Isabelle Deffin (figurinos), Eric Soyer (cenografia e luz), François Leymarie (som),  participam desde o início dos ensaios. Outra grande característica do meu trabalho é a improvisação dirigida: eu dou instruções aos atores para que improvisem no espaço de representação com os figurinos e a iluminação… Isso permite concretizar a minha imaginação e então eu escrevo sozinho, mas sempre em uma série de idas e vindas com a cena.

OF. Como foi o impacto da montagem do espetáculo “Reunificação” na cena teatral parisiense?

JP. Esse espetáculo foi muito bem recebido. Nós criamos no Théâtre National de l’Odéon, em Paris, e isso tem aumentado ainda mais o círculo de nossos espectadores. Também tivemos a oportunidade de exibir em vários países com tradução-legendada. A boa recepção do público está relacionada também, penso eu, com o “estilo” do espetáculo: segui por situações mais realistas e com humor.

OF. Ausência, utopia, saudade, vontade, amizade, ousadia, tristeza, estranhamento, concretização, entre outros desdobramentos. Como entra o amor no texto de Reunificação?

JP. Como você sugere, existem diferentes padrões que se desenvolvem: a ausência, a falta, a amizade, a mentira, o impulso. As cenas são independentes, como pequenas notícias sobre um momento específico da vida de personagens, em que, por outro lado,  não se sabe nada. É como um caleidoscópio sobre o tema relações emocionais. Na imaginação do espectador, podem ser construídos efeitos de ocasiões, de variações e de contraponto.

OF. Além de “Esta Criança” (“Cet Enfant”), um dos textos mais traduzidos e montados fora da França, e que chegou ao Brasil em 2012, outras peças de sua autoria já foram exibidas em nosso país?

JP. “Le Petit Chaperon rouge”, “Je tremble (1 et 2)”, assim como  “Cet Enfant” foram traduzidos, mas especialmente “Cet Enfant” foi apresentado no Brasil. Recentemente, apresentamos com a minha companhia “Ça ira (1) Fin de Louis” et “Cendrillon”, em março último, na MITSP (Mostra Internacional de Teatro de São Paulo).

 

 

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