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AS INÚMERAS POSSIBILIDADES CRIATIVAS DE NANDO MOTTA

02/02/2015

AS INÚMERAS POSSIBILIDADES CRIATIVAS DE NANDO MOTTA

Bacharel em Interpretação Teatral pela UFMG, dirigiu espetáculos em vários estados do país, coordena a Cia Afeta de Teatro e desenvolve pesquisa sobre a utilização de recursos tecnológicos no processo criativo teatral. Em fevereiro, Nando Motta retorna ao Oi Futuro com o premiadíssimo “180 Dias de Inverno”.

OF. Conte um pouco sobre a Afeta Cia de Teatro, criada por você em 2010.

NM. A Cia Afeta nasceu de uma vontade muito grande, minha e da Ludmilla Ramalho, minha parceira de cia, de experimentar diversas possibilidades criativas.  Experimentar no sentido mais aberto possível. Misturar estéticas, influências, estilos, desejos, técnicas, etc. Nesses cinco anos de trajetória, já montamos um drama contemporâneo (180 dias de inverno) com referências de dança-teatro, artes plásticas e cinema stop motion. Uma comédia dramática (#140 ou Vão) com um humor ácido e toques de live cinema e vídeo mapping. E um espetáculo solo (Talvez eu me despeça) dialogando com o teatro-documentário,a performance e a instalação. É dessa salada criativa que vamos construindo nossa identidade. Nosso maior desejo é fazer um trabalho no qual a gente se identifique e que comunique com o público. Ou, fazendo uma referência ao nome da Cia, fazer algo que realmente nos afeta.

OF. O que o levou a desenvolver pesquisas sobre a utilização de recursos tecnológicos no processo criativo teatral?

NM. Eu fui criado junto com a revolução tecnológica das ultimas décadas. Cresci junto com a internet, que era discada e usada depois da meia-noite para pagar só um pulso, e que hoje é 4G. Com televisão, que tinha bombril na antena para melhor a imagem e que agora é digital On-demand.  Do telefone que virou celular e agora é smartphone. Dos filmes baixados via torrent, do mp3, do netflix, dos ibooks do kindle, do ipod, etc. Essa revolução faz parte da minha vida e naturalmente se reflete no meu modo de pensar, de criar, de viver. Como ator, uso de recursos eletrônicos para melhorar meu trabalho há muito tempo. Mas acho que foi quando comecei a dirigir teatro é que experimentei e sistematizei mais o uso deles no processo como um todo. Desde a elaboração do projeto e ensaios até o espetáculo final e divulgação. Acho que me comunico melhor com o público e com meus parceiros de trabalho dessa forma. Faz parte de mim e me dá um grande prazer criar usando destas ferramentas.

OF. O espetáculo “180 Dias de Inverno”, que será apresentado no Oi Futuro,  é baseado no texto Minha Fantasma, um diário real de Nuno Ramos, publicado em seu livro “Ensaio Geral”. Como aconteceu a sua aproximação com o artista?

NM. Foi tudo muito por acaso. Aliás, um delicioso acaso. Em 2008, ganhei de presente uma assinatura da extinta revista Bravo! e, no primeiro exemplar que chegou na minha casa, tinha uma matéria sobre este texto do Nuno. Quando li, me bateu uma vontade incontrolável de transformá-lo em espetáculo de teatro. Não consegui parar de pensar neste texto. Então, no mesmo dia, comecei a esboçar um projeto (meu primeiro projeto de teatro) de montagem. Listei a ficha técnica ideal, referências estéticas e artísticas, idéias de cenário e figurino, locais de pesquisa, planilhas financeiras, etc. Tudo o que seria perfeito para transformar aquele desejo de espetáculo em realidade. Então, uma série de fatos surpreendentes e ocasionais começaram a acontecer. Inscrevi meu projeto no edital do prêmio Funarte Miriam Muniz e ganhei. No mesmo dia em que fui comunicado do prêmio, me convidaram para ir a uma palestra do Nuno em Belo Horizonte. Fui nos bastidores encontrá-lo e ele me convidou a ir à sua casa em São Paulo, apresentar o projeto. Fui a São Paulo e, depois de uma conversa muito agradável, ele não só topou o projeto como me cedeu gratuitamente os direitos autorais para a montagem. Também me deu um monte de livros, vídeos e fotos das obras dele e da época de quando ele escreveu o texto. A única coisa que ele me pediu foi que ele não participasse do processo de criação. Ele gostaria muito de ver o projeto com um olhar de fora. Ou seja, eu tinha o dinheiro para montar, tinha os direitos autorais, tinha uma irrestrita liberdade criativa e muita vontade. Eu tinha tudo que um artista sempre quis. Então, depois de quatro meses de ensaios e muito trabalho, nasceu o 180 Dias de Inverno e Cia afeta. O mais curioso é que o espetáculo foi assistido por mais de 15.000 pessoas, apresentado em mais de 15 cidades do Brasil e o Nuno nunca conseguiu ver. Sempre que entramos em cartaz coincide com seus compromissos profissionais (exposições, viagens), adiando esse nosso encontro. Esse ano, que a Cia AFETA completa 5 anos de trajetória, fico na torcida, para que o acaso aconteça e consigamos o tão esperado encontro do autor com sua obra.

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