Como será o museu do futuro?
18/12/2017
Um museu é um território de experiências e reflexão, onde as comunidades podem repensar suas histórias e memórias. Mas também ocupa a função de um agente de políticas locais e culturais, especialmente, no mundo contemporâneo conectado e disruptivo. Como será o futuro do museu em meio às novas mídias digitais e públicos que já nasceram dentro de uma lógica de comunicação fluida e muito mais veloz? Para analisar o panorama, desafios e novos paradigmas do segmento museal, o IV Seminário de Museologia Experimental & o Simpósio Internacional do Comitê Internacional de Museologia (ICOFOM), realizados pelo Grupo de Pesquisa Museologia Experimental e Imagem (MEI), da UNIRIO, reuniram especialistas de todo Brasil e de instituições no exterior em painéis e debates durante dois dias no Museu da Vida, na Fiocruz, e no Oi Futuro.
Por isso talvez um dos principais temas que permearam as discussões dos eventos foi a própria definição de “museu”. A historiadora e ativista Sandra Maria Teixeira questionou a existência de territórios para os museus e reforçou a importância da preservação das memórias a partir do caso do Museu das Remoções, localizado na Vila Autódromo, no Rio de Janeiro. Um plano museológico foi lançado este ano para estudar o local, na Lagoa de Jacarepaguá, que visa ratificar o museu territorial criado em maio de 2016 para documentar a luta contra o processo de remoção da comunidade da região. “Somos uma das poucas comunidades que resistiu a um processo de Olimpíadas, onde há a prática de remover os moradores de seus locais de origem. Cada tijolo que está na área do Museus das Remoções traz uma história e nós queremos contar isso da melhor forma possível, que é a céu aberto”, explicou Sandra, em mesa que reuniu nomes como a antropóloga Lygia Segalla (UFF), a educadora Gleyce Heitor (UFG) e o professor James Brown, da Universidade de Saint Andrews, na Escócia.
Outra temática discutida foi a adaptação da linguagem para o público nativo digital jovem. “Temos que pensar que a educação museal é diferente da educação aplicada nos museus. Uma das questões que temos que tentar aplicar é não setorizar tanto as pessoas por gênero, idade ou classe social, precisamos conseguir uma linguagem que esteja em comum acordo com todos os tipos de pessoas”, explicou Clarisse Duarte, museóloga e mestre em educação pela Unirio, que participou da mesa “Definir o Museu no Século XXI: desafios e proposições”.