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‘Gráfica Poética’ exalta o design da contracultura brasileira dos anos 70

03/07/2023

‘Gráfica Poética’ exalta o design da contracultura brasileira dos anos 70

A arte brasileira dos anos 1970 vai invadir a galeria 1 do Futuros – Arte e Tecnologia. A mostra Gráfica Poética – Luciano Figueiredo e Óscar Ramos traz ao espaço um acervo com capas de disco, cartazes de cinema e outras peças do design da década de 70 a partir do dia 8 de julho, com patrocínio da Oi e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e apoio cultural do Oi Futuro. A exposição apresenta a obra de Luciano Figueiredo e Óscar Ramos, dois renomados artistas plásticos da contracultura no Brasil, movimento conhecido como uma das forças atuantes na resistência à ditadura militar.

A mostra traz capas de disco de Caetano Veloso, Gal Costa, Jards Macalé, encartes de Gilberto Gil e Maria Bethânia, layouts da revista de exemplar único Navilouca, provas de cor, fotolitos, layouts originais, cromos, acessos a conteúdos exclusivos por QRcode e muito mais. É a primeira vez que se lança um olhar sobre a obra dos dois em conjunto, que se conheceram no Rio de Janeiro em 1971, mas nasceram em cidades fora do Sudeste: Figueiredo é cearense, e Ramos, amazonense.

Gráfica Poética exibe uma produção artesanal da era pré-digital, incluindo: 40 obras físicas (como capas de discos, cartazes, livros e revistas), vídeos (aberturas e créditos de importantes filmes do cinema nacional), além de duas visitas guiadas, uma com o artista Luciano Figueiredo, e outra com o curador e um designer abertas ao público geral.

“Desde o final dos anos 1960 e ao longo de toda década de 1970, as artes ficaram sem lugar específico e os artistas seguiam com suas produções em diversos campos de atuação. Foi assim que, como dupla, realizamos mais de 100 obras para as artes emergentes como a poesia da época, o cinema, a música e as artes gráficas do que era experimental no Brasil e que, nos últimos anos, passaram a ser chamadas de expressões da contracultura. Por isso, essa produção é hoje avaliada como representativa de certa resistência artística durante os chamados ‘Anos de Chumbo'”, afirma o artista Luciano Figueiredo.

“Estamos muito felizes em receber e apresentar a exposição ‘Gráfica Poética – Luciano Figueiredo e Óscar Ramos’, com seu rico acervo e alguns trabalhos inéditos, nunca antes exibidos ao público. É uma celebração de dois grandes nomes do design brasileiro, que atuaram em um período conturbado e de resistência cultural no país, e uma oportunidade única para todos conhecerem suas trajetórias e legado”, diz Victor D’Almeida, gerente de Cultura do Oi Futuro.

 

Curadoria investe em acervo inédito

Com curadoria de Aïcha Barat, pesquisadora e doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC Rio, e Fred Coelho, professor do Departamento de Letras da PUC Rio, a mostra apresenta inúmeros itens da produção gráfica dos designers.

Entre as escolhas, estão: 20 capas de disco (Araçá Azul, de Caetano Veloso; A todo vapor, de Gal Costa; Barra 69, de Caetano e Gilberto Gil; O Luar, de Gilberto Gil, Talismã, de Maria Bethânia, Cores, Nomes, de Caetano Veloso, Só Morto: Burning Night, de Jards Macalé, entre outras).

Do mundo do cinema, serão apresentados cartazes (A Agonia, de Julio Bressane; 1x Flamengo, de Ricardo Sollberg; Raoni, de Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha, entre outros), bem como letreiros de abertura e créditos de filmes concebidos pela dupla; além de dois filmes super 8 raros desenvolvido durante uma estadia em Cardiff, no País de Gales. Já a revista Navilouca, terá alguns de seus processos originais expostos e será reproduzida em versão motion para que os visitantes possam ter acesso às suas páginas.

“A exposição evidencia o design inovador da contracultura, orientado para a valorização do poder da palavra escrita, sua inventividade e sua visualidade. Capas de disco, cartazes, cenários de show eram pensados como um projeto total no qual poesia e artes plásticas se retroalimentam. Verbal e visual se unem”, reflete Aïcha Barat.

Fred Coelho, pesquisador da contracultura no Brasil, também acredita que a exposição é de grande importância para o público conhecer mais a fundo essa geração de artistas que são verdadeiros pensadores da escrita gráfica/estética. “Existe toda uma linguagem visual dos anos 1970 permeando o trabalho de Jards Macalé, Gal Costa, Gilberto Gil, Ivan Cardoso, Torquato Neto, Waly Salomão, Hélio Oiticica, Júlio Bressane, por exemplo”, comenta Fred, autor de importantes livros como Livro ou Livro-me, os escritos babilônicos de Hélio Oiticica.

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