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“Humor é uma maneira de driblar a morte, de rir dela”

02/01/2018

“Humor é uma maneira de driblar a morte, de rir dela”

Ator, humorista, roteirista e escritor, Gregorio Duvivier, 31 anos, destacou-se como um dos criadores dos esquetes da série “Porta dos Fundos”. Filho do músico e artista plástico Edgar Duvivier e da cantora Olívia Byington, começou a atuar aos nove anos, é graduado em Letras pela PUC-Rio e, em 2017, estreou o programa “Greg News”, na HBO. Seu primeiro texto para teatro, “O tempo não dá tempo”, com direção de Duda Maia, estreia em janeiro no Oi Futuro.
OF. Você construiu a carreira no jornalismo impresso, já escreveu três livros e se prepara para lançar um quarto, e ainda participou de dezenas de filmes e comédias no cinema e na TV. Como é ser um artista com tantas facetas?
GD. Eu gosto muito da diversidade, do desafio. Acho que se eu escrevesse só para o jornal, ou só poesia, ou só para o Porta, eu me cansaria muito rápido. Para mim, o barato é que cada gênero traz novos desafios. Traz também propostas de conteúdo porque assunto é difícil de encontrar. Adoro trabalhar por encomenda.. E “O tempo não dá tempo” é um convite da maravilhosa Duda Maia, de quem sou fã. Adorei o “Auê”. Adoro o trabalho que ela faz há muito tempo. Ela me encomenda o texto que precisa e eu vou escrevendo, de acordo com as demandas.
OF. Agora, estreia no Oi Futuro “O tempo não dá tempo” seu primeiro texto para teatro. Pode contar um pouco sobre a dramaturgia e a colaboração criativa?

GD. Uma coisa que me atraiu desde o começo e me inspirou a escrever para esse espetáculo é o elenco, que eu acho maravilhoso. É um elenco muito diverso e potente. Angel, pra começar é nossa maior referência na dança brasileira viva. Uma pessoa que formou, educou e inventou tantos profissionais. Então, vê-la no palco vai ser uma coisa muito emocionante. Fora isso, as novas gerações de atores-autores compõem a peça. Inclusive é muita cara de pau dizer que eu fiz o texto dessa peça. Porque eu só fiz uma colaboração, como todos os atores fizeram. É uma peça realmente que partiu do elenco e fala muito deles.
OF. Quais são as suas principais referências literárias?

GD. Muita gente. O Millôr Fernandes é uma grande referência para todo mundo que escreve sobre humor. O Veríssimo, claro, nosso cronista implacável. Nelson (Rodrigues), nosso maior dramaturgo, sujeito que apesar das opiniões pessoais, escreveu um teatro completamente diferente disso, um teatro totalmente libertário. Clarice Lispector é outra autora que também tinha uma forma de lidar com a linguagem que foi revolucionária. Sou muito fã dos autores que se apropriavam da língua, seja para uso cômico ou dramático.
OF. O que é o humor, na sua concepção?

GD. Humor, na minha concepção, é uma maneira de driblar a morte, de rir dela. Na verdade, quase que suportar tudo aquilo que seria insuportável. Tudo aquilo que você não pode mudar. Então, pode ser morte ou o poder estabelecido na caretice. Pode ser o próprio ridículo. Tudo aquilo que é imutável seria insuportável se não fosse o humor.
OF. Você acredita na sua geração?

GD. A minha geração é a última a não estar conectada na internet, a última a ter um pé no analógico. Eu conectei a internet só na adolescência. Mais do que os nativos digitais, também vão ter cabeças muito interessantes. O que eu admiro na minha geração é que ela ainda acredita no teatro, no jornal impresso, no livro impresso. Uma geração que quer manter um pé aqui fora e gosta da praça, da cidade, da natureza. É a união das duas coisas, o analógico com o digital.

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