Janis Joplin por Carol Fazu
01/06/2017
Cantora norte-americana que se transformou no símbolo feminino do rock, com sua voz forte e marcante, ganha monólogo musical protagonizado por atriz brasiliense.
Ela estudou música, teatro, cinema e televisão. Atuou em novelas na Rede Globo, como “Insensato Coração”, “Escrito nas Estrelas”, “Sangue Bom” e “Viver a Vida”, e nos seriados “A Grande Família”, “Tapas e Beijos” e “Lolô e Tavinho”. No canal Multishow, participou de “Por isso Sou Vingativa” e “Uma Rua Sem Vergonha”. Em 2014, realizou seu primeiro trabalho para a TV internacional, “Rêve Sans Faim”, uma coprodução França/Costa do Marfim. No teatro, seus últimos espetáculos foram “Mulheres de Caio”, peça baseada em quatro histórias do escritor Caio Fernando Abreu, e “Anônimas”, com direção de Roberto Naar. No cinema, trabalhou com os diretores Lula Buarque de Hollanda (“O Vendedor de Passados”), Breno Silveira (“Gonzaga, de Pai para Filho”) e Flávio Tambellini (“Malu de Bicicleta”).
Atriz e cantora, Carol Fazu é fã incondicional de Janis Joplin. A admiração pelo mito rendeu ótimos frutos, como o musical “Janis”, em cartaz no Oi Futuro Flamengo. Em cena, uma trama inédita e original inspirada na vida e obra desta personagem intensa, contestadora, que não abriu concessões e foi um retrato de sua geração e da contracultura dos anos 60.
OF. Como surgiu a ideia de idealizar e protagonizar o monólogo musical “Janis”?
CF. Janis Joplin sempre fez parte da minha vida. Eu comecei a cantar por causa dela. “Me and Bobby McGee” era a música que eu cantava sempre nas canjas. Eu estudei música primeiramente e depois teatro. Assim, a ideia surgiu da vontade de fazer um projeto singular e pessoal. Um encontro da atriz, com a voz e minha própria vida. Talvez eu possa dizer que foi uma ideia mais sentida que pensada.
OF. Além da irreverência e da voz marcante, o que o espetáculo traz de mais curioso para uma geração que não conheceu a cantora, morta com apenas 27 anos?
CF. Quando eu e Diogo (Liberano) fomos conversar sobre a criação dessa escrita dramática, eu tinha em mente a seguinte expressão “dramaturgia de alma”. Era claro que eu não queria um espetáculo sobre Janis Joplin que estivesse mais interessado em fatos e datas do que em sentimentos. Assim, “Janis” é um olhar inventivo e real, que evoca – no sentido de tornar presente pelo exercício da memória ou da imaginação – a vida, a música, a alma e o coração dessa artista única.
OF. Janis lançou apenas quatro álbuns, durante a sua breve carreira de dez anos, mas foi considerada a “Rainha do Rock and Roll” e a maior cantora de blues e soul da sua geração. Como é reviver no palco aquela que foi apontada pela Revista Rolling Stones como uma das 100 maiores artistas de todos os tempos?
CF. É um presente. É sobre honestidade, verdade, admiração, amor, respeito, paixão, loucura, entrega. Eu fico pensando: “como uma pessoa que cantava daquela forma sentia o mundo?” Porque, pra mim, cantar era sua resposta ao mundo. Não é sobre imitar e sim sobre permitir os sentidos.
OF. Na sua opinião, quais as referências de Janis Joplin no atual universo feminino?
CF. A palavra que realmente me vem com mais força é liberdade – liberdade de ser quem se é. Janis viveu assim. Com a coragem de ser coerente consigo.
OF. Algum novo espetáculo à vista?
CF. Quero levar “Janis” para outras cidades, levar “essa moça pra viajar por aí”, para contar essas músicas e cantar essa história. Para além disso, tenho outras duas peças em produção: uma do dramaturgo Alan Ayckbourn e outra que escrevi em coautoria.