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O multiartista Miguel Rio Branco

09/11/2017

O multiartista Miguel Rio Branco

Filho de diplomata brasileiro, neto de J. Carlos, bisneto do barão do Rio Branco e tataraneto do visconde de Rio Branco, Miguel da Silva Paranhos do Rio Branco nasceu na Espanha em 1946. Pintor, fotógrafo, diretor de cinema e criador de instalações multimídia, estudou no New York Institute of Photography e na Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro, e foi aclamado internacionalmente por seus filmes e fotografias na forma de prêmios, publicações e exposições. Agora, o artista, considerado um dos mais importantes em atividade no Brasil, traz, pela primeira vez, suas obras sinestésicas e impactantes ao Oi Futuro, ocupando todos os espaços do centro cultural.

OF. Você costuma dizer, em algumas entrevistas, que nunca foi só fotógrafo, e que usa o documento fotográfico para transformá-lo numa visão poética pessoal. Fale um pouco sobre esta questão.

MRB. Meu trabalho tem um cunho de construção. Desde o início da minha carreira, já na minha primeira exposição importante, “Negativo Sujo”, em 1978, no Parque Lage, reuni um material realizado em várias partes do Brasil, inclusive no Rio de Janeiro e no sertão da Bahia. E a construção fazia com que fosse muito mais uma questão poética, quase uma história em quadrinhos. Não era uma simples imagem fotográfica e, sim, um conjunto. Tanto que na maior parte das minhas exposições, a curadoria acaba sendo minha. São processos de montagem.

OF. Quais as suas principais referências?

MRB. As minhas referências vêm, quase todas, da pintura e do cinema. É um conjunto de várias áreas de criação. Hoje em dia, no caso de uma instalação, por exemplo, acabam entrando outras influências. Não tive um fotógrafo específico. Foi mais em torno do cinema americano dos anos 40. Eram filmes em preto e branco, do tipo noir, encarando o cinema como uma questão social, mais forte. Ou seja, filmes mais ligados à realidade do que à diversão.

OF. Você poderia explicar um pouco sobre seu processo de criação, dessa integração que faz entre as várias linguagens, desde o início de sua carreira como pintor?

MRB. Não fico preso a uma maneira de criar, a um desenho, a uma fotografia. É tudo como se fosse uma grande cozinha. Durante o período que morei em Nova York, entre 1964 e 1967 (meu pai era diplomata), por ser uma cidade muito misturada, me identifiquei com artistas como Rauschenberg, que utilizava vários tipos de material e cuja obra tinha uma densidade muito forte.

OF. A luz e a cor constituem o ponto fundamental de suas fotografias? Como você constrói esta luminosidade nos seus trabalhos?

MRB. Acho que isso não é uma das características mais importantes do meu trabalho. O ponto principal da minha obra é a construção, é a estrutura. Sobre a questão das cores, no caso do meu trabalho realizado na Bahia, por exemplo, quando retratei o Pelourinho, em 1970, as pessoas nunca tinham visto um tema focalizado com tanta dramaticidade. Na verdade, não existia uma palheta de cor, mas a questão da cor acabou ficando marcada.

OF. Instalações imersivas como “Wishful Thinking”, que você apresentou no Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo em 2015, estarão agora nesta exposição que chega ao Oi Futuro. O que o público vai encontrar neste cenário?

MRB.Wishful Thinking” é a base da ideia desta exposição no Oi Futuro, que estará logo na entrada do centro cultural. É uma instalação imersiva que reflete o que eu tenho feito nos últimos anos, morando fora do Rio, perto da natureza. É a natureza muito presente no meu trabalho. Esta exposição tem uma postura que lida com a questão da natureza, mas tudo de uma forma não documental.

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