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Papo de Futuro: Rede para crescer junto

30/04/2021

Papo de Futuro: Rede para crescer junto

Nesta edição da série Papo de Futuro, abordamos o edital “HUB+: Projeto de Educação, Preservação e Acessibilidades em Museus”. Lançado no último dia 23 de abril, em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio e a Coeficiente Artístico, o projeto selecionará dez museus fluminenses, com o objetivo de formação e qualificação no campo da educação, preservação e acessibilidades, de forma contínua e aprofundada pelo período de 12 meses. Participam do encontro Lucienne Figueiredo dos Santos, superintendente de Museus e coordenadora do Sistema Estadual de Museus do Estado do Rio de Janeiro, e Rafaela Zanete, gestora cultural na empresa Coeficiente Artístico e coordenadora do projeto Hub+. A mediação é de Bruna Cruz, coordenadora do Musehum. A série Papo de Futuro, organizada pelo Oi Futuro, é transmitida pelo canal do Instituto no Youtube, com acessibilidade em Libras.

“O museu é a vitrine do que a humanidade produz. Se a gente não atualizar as nossas ferramentas, não conseguiremos mostrar para o grande público os nossos acervos”, observa Lucienne Figueiredo dos Santos. “Acho que todo museu já é um HUB da sua localidade porque ele deve ter a sua premissa de atuação com seus territórios, com seu entorno”, ressalta Rafaela Zanete.

Confira abaixo outras dez reflexões de Lucienne Figueiredo dos Santos e Rafaela Zanete sobre o tema “HUB+: Projeto de Educação, Preservação e Acessibilidades em Museus”.  

1) Como criar e acessibilizar os acervos diante da pandemia

O trabalho como coordenadora estadual de Museus permitiu a Lucienne Figueiredo dos Santos, nesses últimos 11 anos, uma visão completa do setor no estado. Ela conta como foi manter tudo funcionando com as portas fechadas. “Poucos museus conseguiram retomar o contato com seus públicos. Metade dos 92 municípios não possui museus nem centros culturais. Os museus menores têm equipes pequenas, não contam com museólogos. Para colocar os acervos na rede, é preciso ter o material organizado”. E  complementa: “É preciso ter um projeto de capacitação permanente para o profissional de museus, acompanhar as mudanças sociais. O fato de termos uma visita virtual, seja ao espaço, ou disponibilizando acervos, não vai eliminar a visita presencial. Ao mesmo tempo, os museus precisam se engajar no mundo digital. Não tem volta. Entramos de uma maneira abrupta, meio capenga, mas os museus se esforçaram e alguns conseguiram realizar coisas incríveis, com poucos recursos. Constatamos que existe a vontade de fazer, mas é necessário ajudar a capacitar e orientar o campo para uma formação e qualificação da sua instituição, para que ele possa acompanhar as mudanças que o tempo nos impõe”.

2) O museu do século XXI não pode ficar fora do formato digital

“Há maravilhas na rede. As pessoas descobriram a potencialidade dos acervos e dos formatos. Cabe a nós, poder público, tentar verificar de que maneira o estado pode e deve fomentar esse tipo de projeto, de projeto. Vejo o Hub+ como um projeto, algo que vai começar agora, mas não vai se encerrar em 12 meses. Essa grande rede que será constituída, a partir dos museus contemplados, vai permanecer e se multiplicar porque o trabalho de engajamento fica. Começamos a juntar instituições, a compartilhar experiências e percebemos como a gente cresce junto. Temos profissionais criativos e muito interessados. É a Coeficiente Artístico que apresenta um projeto bacana, é a Secretaria que percebe um projeto importante, é o Oi Futuro, que entende e se sensibiliza para esse apoio financeiro. Um ótimo exemplo para que cheguem outros projetos. Estou com muita expectativa”, diz Lucienne.

3) Desafios, reflexões e novas formas de aprendizagem

Rafaela Zaneti é capixaba e tem uma trajetória na gestão cultural, especialmente, na área de museus, há mais de 20 anos. Com longa experiência no setor público do Espírito Santo, está no Rio há mais de dez anos, e conhece bastante a realidade dos museus fluminenses. Com as medidas de isolamento, ela lembra que os museus de todo o mundo fecharam suas portas de forma presencial. Os profissionais tiveram que atuar remotamente e em novos ambientes. Os setores educativos foram os que mais sofreram, não somente na redução de sua estrutura de atendimento de pessoal, como, também, no reposicionamento de suas práticas. Estatísticas apontam que 52% das instituições estão adotando novas práticas de trabalho, combinando atividades presenciais e remotas. Levantamento realizado entre setembro e outubro de 2020 pela Superintendência de Museus identifica que dos 162 museus existentes na cidade do Rio de Janeiro, 71 vêm atuando em projetos e atividades digitais. Porém, outras 92 instituições reduziram suas atividades ou não desenvolveram programação virtual. Diante desses dados, como os museus podem estabelecer essas relações no digital, como ampliar ações e causar impacto e engajamento? Estão os museus preparados para esse reposicionamento de linguagem? Segundo Rafaela, as novas formas de aprendizagem demandam uma estrutura tecnológica e metodológica. “Daí a importância de nos qualificarmos, nos prepararmos e estarmos, cada vez mais, em rede”.

4) A proposta do edital HUB+

Rafaela anunciou a realização, em maio, da 19ª Semana Nacional de Museus do Ibram, que terá como tema “O Futuro dos Museus: Recuperar e Reimaginar”. Em seguida, fez uma detalhada apresentação do projeto HUB+. Envolvendo educação, preservação e acessibilidades, é destinado a museus fluminenses e públicos interessados na temática. Dez museus serão selecionados, via edital público, para um ciclo de formação e habilitação, durante 12 meses, de forma híbrida, em ambiente multiplataforma, totalmente gratuito. Museus de todas as tipologias, institucionalizadas ou não, podem participar, sem a necessidade de CNPJ; e a documentação jurídico-administrativa não é solicitada. O museu será beneficiado através de muitas atividades, incluindo 21 mentorias técnicas, oito workshops, vagas em seis cursos em formato EAD, vivência compartilhada, participação em uma rede colaborativa e conteúdos de referência em metodologias. Para participar, basta acessar o regulamento disponível em projetohubmais.com.br. Entre os critérios de seleção, estão a territorialidade e localidade – “queremos museus representativos de todas as regiões fluminenses” –  além das iniciativas culturais realizadas. Abertas em 23 de abril, as inscrições terminam em 13 de maio. A seleção será realizada de 14 a 21 de maio; e o resultado ocorrerá em 23 de maio. O início das atividades do projeto está marcado para junho de 2021. A sistematização de todo o conteúdo será disponibilizada no final do projeto. 

5) O que se espera receber e selecionar

Para Lucienne, a maior característica do edital é ser inclusivo, descomplicado. Isso, realmente, vai poder oportunizar para todo e qualquer museu a chance de participar. “Temos pessoas incríveis desenvolvendo seus trabalhos, em pequenos grupos, fazendo coisas importantíssimas nas comunidades, e que ficavam muito de fora. Acho que teremos uma rede altamente qualificada, com profissionais potentes”. Rafaela acrescenta: “Esse projeto é HUB porque já nasce HUB, já foi pensado nesta estrutura, com esses parceiros, que estarão nesta rede. A rede central, inicialmente, que é o Musehum, mas, no final desse projeto, todos serão HUBs. Esperamos uma rede de museus muito diversos e representativos de vários lugares do Rio de Janeiro”.

6) Para esclarecer as dúvidas

 “Eu não trabalho em nenhum museu, posso me inscrever”? Rafaela responde: “Para o edital, não. Ele é exclusivo para selecionar dez museus fluminenses. Entretanto, o HUB+ não é visto apenas para os museus. Ele também existe para o público interessado nas temáticas em que vai atuar, e temos essa plataforma de livre acesso, onde qualquer pessoa poderá acessar, inclusive, aos conteúdos dos cursos. A questão do CNPJ é importantíssima porque muitos museus acabam ficando de fora nos editais públicos, em decorrência da necessidade de apresentar uma série de documentações – vários deles  não têm personalidade jurídica. Vale ressaltar, mais uma vez, que não há nenhum custo e toda a formação ofertada, a estrutura do projeto e os conteúdos são gratuitos.

7) Quanto aos pontos de cultura 

Segundo Lucienne, muitos pontos de cultura no Estado fazem trabalho de memória. “Acho super importante e fico feliz com trabalhos como o da Tia Ciata [Casa de Cultura], pois enxergaram a possibilidade de entrar nessa rede. Que venham outros pontos de cultura!”

8) Museus fora do Rio podem participar? 

Rafaela diz que na seleção dos museus, 40 por cento serão da Região Metropolitana 1, 2 e 3, que envolve a capital e a Baixada Fluminense. E os outros 60 por cento estão localizados em outros territórios. “Queremos que essa rede contemple um número bastante representativo de museus”.  Lucienne complementa: “A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa trabalha olhando para as dez regiões do Estado. Temos município que não dispõe de museu, mas isso não significa que não tenha uma atividade de memória que queira receber a qualificação. E nós queremos dar uma oportunidade, respeitando essa proporcionalidade, que é prevista em lei”.   

9) Sobre mentorias, workshops e cursos

Segundo Rafaela, o projeto HUB+ não estabelece um número mínimo ou máximo de participantes em cada museu. Vai depender da própria estrutura da instituição. Sobre as  mentorias, podem acontecer em formato online, através de encontros virtuais com um especialista em uma das três áreas – educação, preservação e acessibilidades – ou no formato presencial. Todas as mentorias vão gerar um documento que será destinado a cada museu, com premissas e recomendações. Quanto aos workshops, são videoaulas, que estarão disponibilizadas nas plataformas. Os cursos acontecem em plataformas de ensino remoto e terão, média, 20 a 30 dias. 

10) O poder das redes

Lucienne reafirmou o compromisso da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa com a capacitação dos profissionais que atuam em museus, garantindo o fortalecimento das instituições pelo compartilhamento de conhecimentos. E deixou um recado: “Vamos sobreviver se trabalharmos em rede”. Rafaela disse que é um privilégio fazer parte do projeto e pensar junto com essa rede tão potente, ressaltando a parceria do Musehum nesse laboratório. E convocou os museus a se inscreverem. “Acredito muito no poder das redes”. 

Você pode conferir a íntegra do encontro online sobre o temaHUB+: Projeto de Educação, Preservação e Acessibilidades em Museus” aqui.

 

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