Um dia de estreias no centro cultural do instituto Oi Futuro. O espaço começou nesta sexta-feira (14) a utilizar o novo nome — Futuros – Arte e Tecnologia — e a receber o público para a ocupação Futuração – Festivais Navegando Todos os Sentidos. Como marco deste primeiro dia da nova identidade e da exposição, Futuração promoveu um seminário que debateu questões acerca da realidade e dos desafios enfrentados pelos festivais brasileiros.

A primeira mesa do dia foi focada em como promover a sustentabilidade no fazer artístico dos festivais. A mediação foi comandada por Rafael Ferraz, head de Artes do British Council e um dos gestores do edital Cultura Circular, que promove práticas sustentáveis entre festivais. Os participantes foram Jaqueline Fernandes (Festival Latinidades), Lucas Hanke (Festival Morrostock), Nestor Mádenes (Festival Coquetel Molotov, em participação online) e a empresária e produtora Roberta Medina (Rock in Rio).

“Os festivais se apoiam em três pilares: o social, o econômico e o ambiental. E não adianta a gente querer separar qualquer um deles, que não vai funcionar”, afirmou Roberta Medina, no início de sua contribuição para o debate.

Na segunda mesa, o assunto central foram as políticas públicas. Em um momento em que as fronteiras estão cada vez mais diluídas, os festivais se expandem para diversas regiões com a ajuda de novas tecnologias e redes sociais. Como, então, não ficar preso à política de um único estado, e transitar entre as diferentes regiões do Brasil, ampliando seu público? O tema foi debatido por Ana Morena (Abrafin), Luciana Adão (Oi Futuro) e Maria Marighella, presidenta da Funarte. A mediação ficou por conta de Sandro Rosa, do Oi Futuro.

A terceira mesa, chamada ‘Amazônia(s): ancestralidade, presente e futuro’, foi mediada pela artista Aíla (Amazônia Mapping) e contou com participação de Karla Martins (atriz e produtora cultural), Lilian Fraiji (Labverde), PV Dias (artista visual), Renato Rocha (Casa Comum) e Roberta Carvalho (Amazônia Mapping).

“Fazemos as nossas imersões dentro das reservas ambientais mas essas reservas são um recorte mínimo. Trabalhar na Amazônia é incrível, é quase como tentar usar a Amazônia de maneira coletiva, usar o ambiente dentro desse espectro e entendendo que isso é só um pontinho dentro de uma Amazônia que é gigante”, afirmou Lilian Fraiji, uma das gestoras do Labverde.

“Quando eu volto a Belém uma das coisas que mais me marca é essa questão da musicalidade eletrônica. Me interessa muito a relação da tecnologia e da estética periférica, me interessam essas potências criadas dentro de algumas demandas que não são o subsídio estatal, que são independentes. Para mim, enquanto artista, é muito importante pensar numa lógica popular”, disse o artista visual PV Dias.

A penúltima mesa trouxe reflexões sobre desconstrução da curadoria em produções colaborativas. Para mediar o debate, ninguém melhor que o curador de Futuração e diretor artístico residente no Oi Futuro, Chico Dub. Batman Zavareze (artista visual e diretor do Festival Multiplicidade), Bruno Melo (Festival MATE), Luciano Matos (Festival Radioca) e Renée Chalu (Festival Se Rasgum) enriqueceram a troca de ideias com suas experiências.

A quinta e última mesa, que encerrou o seminário, foi ‘Polifonia periférica: arte, criatividade e economia’. Carla Zulu (coordenadora de relações institucionais do Museu das Favelas, em participação online), Dennis Novaes (coordenador do Mapa das Favelas, UFRJ – Museu Nacional), Emerson Facão (Estude o Funk) e Rebeca Brandão (artista, produtora e gestora cultural) debateram o fazer artístico em áreas de periferia, sob mediação de Guilherme Tavares (Favela Sounds).

A ocupação Futuração – Festivais Navegando Todos os Sentidos fica em cartaz em Futuros – Arte e Tecnologia até o dia 30 de abril. Programe sua visita e não deixe de conferir – está incrível!