5 coisas que você não sabia sobre Nam June Paik
20/07/2017
A arte para Nam June Paik era diferente. Disruptiva, deveria ser perfeita como uma ópera, no sentido de conseguir alçançar aquele grau de sucesso performático. E quem conhece o trabalho do artista sabe: quase sempre o sucesso foi absoluto. Listamos 5 curiosidades sobre o pai da videoarte para você conhecer a revolução que o artista formulou em sua arte. Vem ler e assistir ao vivo, no Centro Cultural Oi Futuro!
FLUXUS
Entre todos os artistas do Fluxus, Paik era o mais fascinado pelos ícones da cultura pop. Nos anos 60, por exemplo, os Beatles se tornaram tema de um de seus vídeos, produzido por meio da manipulação de som e da imagem de uma parte do filme A Hard Days. O vídeo, intitulado propositalmente Beatles Eletronique, foi feito entre 1966 e 1969 e é uma das primeiras obras de vídeo-arte estrelada por um grupo de rock. Confira abaixo!
PAIK E O PAPA
Nam June Paik contava que tinha feito seu primeiro vídeo em Nova York no dia 04 de outubro de 1965, ocasião da visita do Papa Paulo VI. Paik disse que usou uma vídeo-câmera Sony Portapak, a primeira câmera portátil do mercado, para filmar da janela de um táxi o trânsito enlouquecido da cidade. A intenção era projetá-lo no histórico Café a go-go, famoso local de Greenwich Village. Só um detalhe: a primeira Sony Portapak não tinha bateria e, para usá-la, era preciso conectá-la a uma tomada eléctrica, que Paik jamais teria encontrado em um táxi. Essa mentira foi tão bem contada que aparece até no site do famoso Museu Guggenheim menciona este feito.
AQUI, ALI, EM TODOS OS LUGARES
Nam June Paik é um dos artistas que mais incorporou os conceitos de nomadismo, quebrando fronteiras geográficas e culturais já na segunda metade do século XX. Nascido em Seul, Paik estudou história da arte e música na Universidade de Tóquio, mais tarde transferiu-se para Alemanha, onde deu seus primeiros passos como artista, depois mudou-se para os Estados Unidos. Para criar, passava temporadas na Itália. Em 1975, participou da Bienal de São Paulo expondo no Pavilhão dos EUA; em 1992, na Bienal de Veneza, era um dos artistas do Pavilhão da Alemanha!
TV Garden TV Buddha
Para Nam June Paik, o modelo de suas instalações eletrônicas é a ópera lírica: “Quando uma ópera é bem-sucedida, é o clímax absoluto, nada pode ser igual. A ópera representa aquilo que eu procuro na arte eletrônica _ no que diz respeito a ser capaz de atingir o máximo grau de sucesso performativo. Só a ópera atinge esse nível. A ópera é obra completa; tem todos os elementos – a música, o movimento, o espaço. Desse modo, se uma instalação de arte eletrônica consegue ter sucesso – posso citar o exemplo de TV Garden TV Buddha – eu acredito que deva ser considerada uma ópera eletrônica”.
AS MÁQUINAS E PAIK
Maria Gloria Bicocchi, fundadora de art/tapes/22, primeira produtora de vídeo-arte da Itália, contava que em 1975 Paik aceitou um convite para criar uma obra em parceria, quando a visitou em Florença: “Estávamos todos muito animados com esse encontro, nos preparamos para essa provável colaboração com todo o nosso profissionalismo. Billy [Bill Viola, o jovem colaborava com a art/tapes/22] reorganizou o espaço e todo o nosso equipamento eletrônico. Será suficiente para um artista acostumado a bem outros hardwares? (…) Quando Paik chegou, sorriu, pediu um café e finalmente falou: minha intenção é fazer um belíssimo vídeo com vocês. Vocês têm três vídeo-câmeras? Sim, respondeu Billy, temos apenas três. Paik satisfeito disse: com uma você terá que filmar tudo o que acontece enquanto um caminhão vai esmagá-la até que ela se apague completamente; com a segunda, você vai filmar o que acontecerá quando um fogo irá devorá-la e com a terceira, faremos o registro de como ela se afundará na água do rio. Vocês gostam da ideia? Ficamos consternados: eram as nossas únicas três câmeras, acabariam assim… e depois?