Labora | Conheça a Diáspora.Black
16/08/2017
Apresentando mais um projeto que faz parte da 1ª edição do Programa de Aceleração de negócios sociais do Labora, em parceria com a Yunus Negócios Sociais, a iniciativa Diáspora.Black. Já passou por aqui os projetos 818 Energia Solar, do Rio de Janeiro, e Recicletool, de Recife.
Diáspora.Black
“Ainda há graves lacunas sobretudo em relação ao empoderamento econômico da população negra”
O que é: É um empreendimento que busca articular uma rede social de viagens para usuários afrodescendentes que compartilhem interesses e referências culturais comuns. O negócio favorece a intermediação de diferentes serviços (encontros pessoais, hospedagem, milhagens em estabelecimentos, catálogo georreferenciado de eventos culturais, restaurantes, espaços comerciais e atividades turísticas).
Quem faz: Carlos Humberto é geógrafo, mestrando em Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas, tem 38 anos, e teve a ideia de criar a Diáspora Black por conta de uma inquietação que sentia ao alugar quartos na sua casa para a população afroamericana em visita ao Rio. “Essa população sempre chegava a mim com relatos de situações, constrangimentos e experiências negativas de racismo e discriminação em outras plataformas tradicionais de hospedagem. A partir dessa observação, realizamos uma pesquisa e identificamos um estudo de Harvard nesse sentido e começamos a construir a equipe e desenhar o site e o modelo de negócio e valores simbólicos para plataforma. Para viabilizar a iniciativa, realizamos uma campanha de financiamento coletivo, que mobilizou mais de doze mil pessoas entre dezembro do ano passado e março deste ano. Com os recursos, desenvolvemos a primeira versão da plataforma, operando de forma plena há cerca de dez dias”, conta Carlos.
Propósito da empresa: “Nosso intuito é conectar em uma rede global a população negra em viagem, com o objetivo de potencializar encontros, experiências imersivas e trocas simbólicas de valorização da história e cultura dessa população nas diversas cidades onde está estabelecida. Esse intuito se materializa com a plataforma, que permite impactos tangíveis como a geração de renda para as famílias e ativação da economia local dentro da comunidade negra, e também impactos intangíveis, de ressignificação da narrativa sobre a diáspora africana, pautando um olhar positivo sobre a riqueza, a diversidade cultural e as contribuições históricas das populações negras nas diferentes cidades”, explica o geógrafo.
Cenário de empoderamento negro hoje no Brasil: “Houve avanços significativos nos últimos anos, com a ampliação do acesso nas universidades e uma consequente emergência das nossas questões e leituras sobre a construção social brasileira, bem como um maior empoderamento individual, com melhora da afirmação frente as contínuas agressões e violações de direitos. Entretanto, ainda há graves lacunas sobretudo em relação ao empoderamento econômico dessa população, que segue marginalizada no mercado de trabalho, sendo mais atingida pela crise e pelas reformas ilegítimas em curso. Essa retirada dos poucos direitos existentes, associada as violações continuas da cidadania desta população, em relação a abordagem das políticas de segurança, justiça, saúde e educação, bem como em relação ao reconhecimento e a valorização de sua contribuição histórica na construção social do País indicam que ainda há um longo percurso para que possamos de fato exercer uma perspectiva de pertencimento e identidade nacional”, finaliza Carlos.