Arte Digital: uma novidade que veio para inovar a cultura
11/11/2022
A digitalização caminha a passos largos em todas as áreas de conhecimento – não é diferente com a arte. Se no seu imaginário arte continua sendo apenas pinturas e esculturas físicas, esqueça essa ideia. A arte digital ganha cada vez mais força e é cada vez mais presente em instituições de memória como museus e galeria. Essa nova realidade foi tema de debate na mesa ‘Circuito de Arte Digital’ no Rio Innovation Week, no dia 10 de novembro, em evento que aconteceu no Pier Mauá, no Centro do Rio de Janeiro.
O painel contou com a participação da museóloga do Musehum – Museu de Humanidades e Comunicação, Bruna Cruz, que vê com naturalidade essa transição. Para ela, estamos passando agora por um novo processo de modernização de recursos e repositórios de acervos, algo que acontece com frequência ao longo das história da Humanidade. “Há alguns anos, as instituições de memória se concentravam em apenas digitalizar a arte física já existente em seus acervos. Mas isso vem mudando. Nos últimos anos, museus passaram a demandar cada vez mais a arte nata digital”, afirmou Bruna Cruz.
O painel contou ainda com a participação de Tadeus Mucelli, especialista em cultura digital; Raphael Magalhães, artista digital do coletivo Pupila Dilatada; e Flavya Peres, também artista digital. Mucelli explicitou que, assim como em outros tempos da História artes mais disruptivas não eram consideradas arte por muitas pessoas, o mesmo acontece hoje em dia com artes digitais. Ele argumenta que a arte digital é, atualmente, o que o famoso mictório de Marcel Duchamp, as danças performáticas e até mesmo o funk já foram em outras épocas. Os artistas Raphael e Flavya não só concordaram com essa visão, como versaram sobre o estranhamento e o preconceito que enfrentam quando se apresentam como artistas digitais. “É muito comum ouvirmos perguntas como: ‘Mas em qual museu vocês expõem?’ ou ‘Mas o seu trabalho é considerado arte mesmo'”, diz Raphael.
Mucelli ressalta que processos de modernização como esse trazem naturalmente questionamentos e estranhamentos. “É esse o papel da arte, afinal”, ele lembra. Apesar disso, o especialista em arte digital acredita que este é um momento de mudança de meios, mas que os fins da arte e das instituições de memória permanecerão os mesmos. “A base das coisas sempre estará nas histórias que a gente conta, e em como a gente conta as histórias”, disse, ressaltando que a mudança atual está na forma como contamos as histórias.
Tadeus Mucelli é curador da Bienal de Arte Digital, que acontece no Centro Cultural Oi Futuro de 12 de novembro até 23 de janeiro. O coletivo Pupila Dilatada estará em exposição na Bienal.
Além deste, o Oi Futuro foi destaque em outros dois paineis do Rio Innovation Week, o maior evento de inovação e tecnologia da América Latina. Confira como foi a mesa ‘Educar para Inovar: o case NAVE’, que teve a participação de Sara Crosman, presidente do Oi Futuro, e Carla Uller, gerente de programas e projetos do Instituto; e também a apresentação ‘ASA: mulheres que voam’, com Luciana Adão, coordenadora de Patrocínios Culturais do Oi Futuro.