Rio2C: As novas tecnologias e os desafios da educação
25/04/2019
A educação é um dos setores que mais tem recebido investimentos em soluções tecnológicas e está passando por uma fase de transição importante em todo o mundo. As EdTechs, como são chamadas as startups de educação, estão por todo lado trazendo soluções para ampliar o acesso à aprendizagem e desenvolver novas formas de aprender e ensinar. Nesse mesmo cenário, há uma demanda crescente por formação de profissionais que dominem as novas tecnologias digitais para atender a revolução digital nas grandes corporações. E ainda é preciso conciliar nesse mesmo ambiente o conhecimento formal e as novas dinâmicas existentes entre alunos e professores também trazidos pelo uso intensivo das novas tecnologias.
Esses temas nortearam e foram debatidos durante o painel “A Universalização da Educação” na Rio2C 2019, que contou com a presença da gerente executiva de educação, inovação social e comunicação do Oi Futuro, Carla Uller, do diretor geral da Udacity, Carlos Souza, e do presidente da Fábrica de Startups Brasil, Héctor Gusmão.
Com dados que mostram como a plataforma de cursos online cresceu desde 2011 em todo o mundo, o executivo da Udacity destacou como principal diferencial o fato de a solução tecnológica ter foco no aprendizado de técnicas e competências requisitadas pelo mercado de trabalho. “Nesses cursos as pessoas colocam a mão na massa e aprendem fazendo”, contou. Mesmo com a plataforma prestes a encerrar a oferta de cursos em português ainda este ano, Souza lembrou que a operação brasileira abriu caminho para o surgimento de várias outras iniciativas de aprendizagem no ambiente digital no país.
Outro projeto apresentado foi a 42 Rio, versão brasileira da escola de tecnologia francesa, a École 42. A primeira unidade da rede na América Latina tem como objetivo atender 450 alunos com cursos e formações gratuitas para a capacitação de profissionais de tecnologia. Fundada em 2013 na França, a instituição propõe um modelo que combina o ensino colaborativo e aprendizagem através de projetos baseados em desafios reais de empresas. A avaliação é feita entre os alunos e não há professores à frente dos processos de aprendizagem.
“A ideia é desenvolver a cultura do empreendedorismo entre os jovens que saem do ensino médio, permitindo a eles construir sua própria jornada de aprendizagem que os levará a uma profissão ou à criação de um negócio no campo da tecnologia”, explicou Gusmão, presidente da Fábrica de Startups Brasil, uma das patrocinadoras da iniciativa.
A visão de que era preciso formar jovens para a economia criativa com foco na tecnologia levou, há mais de uma década, à criação do NAVE, programa de educação da Oi e do Oi Futuro em parceria público privada com as secretarias estaduais de educação do Rio de Janeiro e Pernambuco. No painel da Rio2C, a gerente do Oi Futuro mostrou como os mais de 2,5 mil alunos que passaram pelas escolas se desenvolveram em formações técnicas de multimídia e programação, sem que as competências comportamentais fossem deixadas de lado.
“Mais do que aprender a trabalhar com tecnologia na nova economia, estamos há mais de dez anos formando pessoas com capacidade de empreender transformar a sociedade”, contou Carla, ao apresentar os reconhecimentos conquistados pelas escolas e o projeto Geração Nave, que contrata egressos na área digital da Oi.
O NAVE também tem como missão disseminar as práticas inovadoras de aprendizagem para a rede pública e privada, em um país com 2,2 milhões de professores e 1 milhão de jovens entre 15 e 19 anos fora da escola. No ano passado foi lançado um e-book que reuniu 40 delas de forma acessível a professores de outras escolas. As escolas também já receberam mais de 500 professores para cursos de formação com parceiros e trocas de experiências.
“O desafio de todos nós que trabalhamos com educação é enorme, em especial nessa fase de transição que estamos vivendo, com toda essa revolução tecnológica. Temos muito o que fazer. O mais importante é valorizar e ampliar a educação e as aprendizagens em todos os campos e formas”, afirmou Carla.