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Rio2C: Os desafios do empreendedorismo feminino

26/04/2019

Rio2C: Os desafios do empreendedorismo feminino

Três em cada quatro lares são chefiados por uma mulher e dessas, 41% tem o seu próprio negócio, de acordo com o Governo Federal. Como se não bastasse o desafio de conciliar família com trabalho e honrar com a responsabilidade de sustentar uma casa, as mulheres ainda enfrentam o preconceito – muitas vezes, inclusive, racial – para conseguirem tirar sua ideia do papel e transformar a sociedade.

O empreendedorismo feminino nos negócios de impacto foi tema de uma das mesas do Rio2C 2019, que contou com a participação de Jaciana Melquiades, CEO da Era uma vez o mundo, Juliana Brito, cofundadora da Workay e Priscila Gama, fundadora da Malalai, todos negócios sociais acelerados pelo nosso Laboratório de Inovação Social, o Labora. Mediado por Raquel Almeida, gerente de comunicação do Oi Futuro, as empreendedoras contaram suas diferentes trajetórias e expuseram as dificuldades enfrentadas por conta do gênero.

Juliana, engenheira, criou a Workay depois de conviver por anos com o machismo encontrado na profissão, majoritariamente masculina. Pensada para a inclusão das mulheres no mercado de trabalho com capacitação de mão de obra para pequenas e médias reformas, ela acredita que o maior diferencial da Workay é a igualdade de gênero: “Uma parte da minha receita é exclusivamente dedicada à capacitação de mulheres. Muitas estavam há anos desempregadas, tendo que dar um jeito de sustentar a casa e, depois da Workay, conseguiram se inserir no mercado de trabalho novamente”, conta.

Além do preconceito por ser mulher, Jaciana enfrenta também o racismo. Depois de ser mãe, criou a Era uma vez o mundo por querer um mundo melhor para seu filho. Com a criação de atividades lúdicas e brinquedos antirracistas, Juliana quer que as crianças negras se sintam representadas e pertencentes à sociedade. “A gente tem que ter toda a diversidade possível para poder extrapolar nosso universo e os brinquedos são capazes de fazer isso”. Porém, isso é uma tarefa nada fácil: “Sinto impacto por ser mulher, negra e da periferia. Conseguir ser respeitada como dona e fundadora da empresa é um desafio”, conta Jaciana. “Uma vez, um investidor me falou que o que eu tinha não era um negócio, mas uma causa. Fiquei com aquilo na cabeça. Até que ponto era verdade e até que ponto era machismo e racismo? Depois de avaliar a evolução da Era uma vez o mundo, sinceramente, acho que se fosse um homem branco com o mesmo projeto, seria considerado um negócio sim”, complementa.

As dificuldades enfrentadas por Jaciana por ser uma mulher negra também foram sentidas por Priscila: “Eu quase desisti. É difícil conseguir investimento no Brasil. Geralmente o dinheiro está sempre nas mãos das mesmas pessoas: aquele empreendedor homem, branco, de família rica”. Ao criar a Malalai, Priscila quis empoderar e proteger as mulheres de assédio e violência de gênero. A ideia que está sendo desenvolvida é a criação de um app e um wearable para compartilhar rotas das mulheres com pessoas de confiança e enviar alertas em caso de perigo. Ao ganhar um prêmio voltado para startups com a Malalai, Priscila teve a oportunidade de viajar para Nova Iorque e percebeu que fora do país o contexto é outro, tendo contato com uma grande diversidade de empreendedores.

Juliana também acredita que conseguir investimento é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas mulheres empreendedoras por causa da desconfiança dos investidores. Segundo Juliana, eles acreditam que a mulher é incapaz de administrar o orçamento: “Minha empresa tem um rendimento de 400%, mas isso parece não ser suficiente para atrair investidores. O que mais eles querem? Eles acham que não somos potentes, que não sabemos lidar com o dinheiro, que não temos pulso”, desabafa.

Quando questionadas sobre o que as faz continuar empreendendo, elas são unânimes: o propósito e a vontade de transformar o mundo. “Não desisto por acreditar no que faço e acreditar que isso transforma vidas, que faz diferença na vida das pessoas”, conta Jaciana.

As dificuldades são inúmeras e as mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer na luta pela igualdade de gênero, mas o painel, composto por mulheres que são exemplos de força e coragem e lotado de outras mulheres na plateia, foi uma prova de que o “sexo frágil” é uma ideia do passado e o futuro é, cada vez mais, feminino.

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